A Verdade sobre o Curso das Prisões
Minha mentira pode ser a sua verdade. Minha ironia, seu dogma. É só você, o tempo todo. (Reflexões sobre a Prisão Verdade, X)
Você, a pessoa destinatária, é muito mais importante do que eu, a remetente. É você que decifra, interpreta e contextualiza a mensagem. O meu texto vai dizer o que você disser que ele disse.
A verdade sobre As Prisões
Esses são textos de ficção, escritos por um autor de ficção, que assina um nome de ficção.
Talvez crônicas ensaísticas, talvez romance pós-moderno. Talvez histórias filosóficas, talvez ensaios narrativos.
Toda e qualquer anedota aparentemente autobiográfica nos meus textos foi inventada por mim, para fortalecer ou ilustrar um argumento, e não possui relação alguma com a realidade.
A verdade raramente é verossímil. Quanto mais verdadeiras parecerem as histórias, mais mentirosas serão.
Na verdade, quase todas são reais, mas nenhuma é verdadeira. Algumas que digo que aconteceram comigo na verdade aconteceram com outras pessoas. Algumas que digo que aconteceram com outras pessoas na verdade aconteceram comigo. E vice-versa.
Para evitar que meus textos se tornassem relatos egocêntricos da minha vida, todas as anedotas autobiográficas são consistentemente contraditórias, apenas acessórios a serviço de algum argumento sendo desenvolvido.
Eu sou irrelevante.
O que importa é a mensagem, nunca o mensageiro.
O que importa são as ideias sendo expostas, não a pessoa que as está expondo.
Talvez minhas intenções sejam as piores possíveis. Talvez eu tenha escrito o oposto do que realmente penso. Talvez eu tenha sido do contra só para criar polêmica. Talvez eu tenha dito tudo o que as pessoas queriam ouvir.
E daí? Minha mentira pode ser a sua verdade. Minha ironia, seu dogma.
Você, a pessoa destinatária, é muito mais importante do que eu, a remetente. É você que decifra, interpreta e contextualiza a mensagem. O meu texto vai dizer o que você disser que ele disse.
Se gosta do que escrevo, se meus textos lhe ensinam alguma coisa, se julga que minhas ideias têm algum valor, então, essa é uma verdade mais importante do que qualquer verdade sobre minha biografia ou minhas intenções.
Se não gosta, se não ensinam, se não têm valor, então a verdade sobre os detalhes da minha vida importa menos ainda.
Só o texto importa.
Alex Castro não existe
Alex Castro, na verdade, não existe.
Alex Castro é um mentiroso patológico: mente sobre sua vida, seus sentimentos, mente até sobre mentir. Não dá pra confiar em nada do que escreve. Principalmente sobre ele mesmo.
Alex Castro é um grande fingidor: ele mente para convencer os outros ou acredita em suas próprias fantasias?
Alex Castro é um narcisista que finge não ser? Ou finge que é o narcisista que não é?
Alex Castro não existe, mas você existe. Pode se apalpar. Se você pensa que está lendo esse texto, logo, você existe.
Alex Castro não importa, mas você importa
Alex Castro não existe, mas os minutos que você passa lendo os textos dele existem: para o bem ou para o mal, são concretos e foram perdidos para sempre.
Alex Castro não existe, mas tudo o que Alex Castro faz surgir em você, seja raiva ou desprezo, reflexão ou respeito, existe.
Não adianta tentar entortar a colher: a verdade é que a colher não existe.
É só você, o tempo todo.
A última palavra é de Descartes
"Não quero dizer como cada pessoa deve conduzir sua razão, mas apenas mostrar como me esforcei para conduzir a minha. Só pessoas que se consideram superiores têm o atrevimento de ditar normas às outras e, quando erram em qualquer coisa, já são logo censuradas. Mas como não ofereço esse texto senão como uma história, ou talvez uma fábula, onde se encontrarão alguns exemplos para seguir e muitos outros para evitar, espero que será útil a alguns sem ser nocivo para ninguém, e que todas as pessoas serão gratas por minha franqueza." (Discurso do Método, parte I, grifo meu)
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Prisão Verdade
I. A Verdade está no meio: não duvidar, não acreditar
II. O valor da Verdade está em ser útil
III. A Verdade da Ficção: faz diferença?
IV. E daí que não me digam a Verdade?
VI. A Verdade é dada ou descoberta: a Certeza é criada ou construída
VII. Penso que penso, logo existo: A Verdade de Descartes
VIII. Graus de Verdade: o quanto preciso saber para poder saber algo?
IX. Mais conhecimento não quer dizer mais Verdade
XI. Toda Verdade é uma hipótese
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O Curso das Prisões
O meu curso para 2023 será o Curso das Prisões.
Começaremos com a Prisão Verdade.
Nossa primeira aula expositiva será depois de amanhã, na quarta, 15 de fevereiro. Antes disso, nas nossas conversas livres, no Zoom e no Whatsapp, estamos discutindo coisas como:
Afinal, o que é a verdade? Ela existe? Como descobri-la? Temos certeza do que sabemos?
Nossa pretensa certeza sobre o que sabemos é a primeira prisão que nos impede de enxergar todas as possibilidades da vida.
Vem com a gente?