Os 5 melhores livros de 2024
Tem literatura medieval, literatura latino americana, momento mais tenso do Brasil, pior problema do Brasil, e tijolão romeno.
Nesse final de ano, a Folha de São Paulo me pediu para listar os 5 melhores livros de ficção publicados no Brasil em 2024. Não deixem de ir lá conferir as outras recomendações, todas sensacionais: as minhas vão abaixo, bastante expandidas em relação ao que saiu no espaço reduzido do jornal.
(Aliás, posso pedir um favor? Vão lá no texto da Folha, e comentem, compartilhem, retuítem? Quero muito saber o que pensaram, sintam-se à vontade para comentar. Aliás, aqui estão todas minhas resenhas para a Folha.)
Como foi impossível escolher só 5, na verdade acabei escolhendo 16 — as onze menções honrosas estão aqui.
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5 Uma introdução perfeita à literatura medieval
Esse livro de cavalaria recentemente descoberto e reconstituído por um pesquisador franco-italiano é uma perfeita introdução à literatura medieval: além de ser um texto paradigmático e representativo da melhor literatura artúrica, ele já aponta para os vários caminhos que a literatura vai seguir a partir do Renascimento, de Rabelais e de Cervantes.
Como um atrativo especial à leitora brasileira, a tradução, diretamente do francês antigo, ficou a cargo do próprio pesquisador, apaixonado pelo Brasil, e foi baseada no ritmo e no vocabulário da nossa literatura de cordel.
(Leia aqui uma resenha expandida, na Folha, só para assinantes.)
4 O Brasil em seu momento mais cruel e revelador
Se é nos momentos de maior crise que melhor se conhecem as pessoas e os povos, então não existe momento melhor para entender o Brasil do que nosso maior conflito armado.
Assim como o pesquisador ítalo-francês não escreveu o texto de cavalaria medieval acima, mas criou uma nova obra a partir de fragmentos esparsos reconstituídos, o mesmo fez a autora desse romance insuperável e inovador sobre a Guerra do Paraguai.
A autora já avisa que são dela apenas as breves palavras dos paratextos: de resto, o livro é composto pelas palavras das próprias pessoas brasileiras que viveram esse momento histórico: a Guerra do Paraguai contada por seus próprios participantes.
Em tempo: para quem quer um bom livro de não-ficção sobre a História da Guerra do Paraguai, literalmente só tem esse aqui.
3 O Brasil, ainda enfrentando o fato central de sua História
A escravidão é certamente o fato central da História Brasileira e as estruturas racistas criadas por elas ainda estão entre nós.
Em seu novo livro, nosso grande romancista do racismo nos leva ao primeiro momento de adoção de cotas raciais nas nossas universidades públicas.
Afinal, quem são essas pessoas entrando nesse espaço até ontem tão branco? De onde vêm?
Com um leque temático cada vez mais amplo e com cada vez mais domínio da técnica literária, o autor aborda também a misoginia e a homofobia, o etarismo e a capacitismo.
Enfim, uma obra sobre Outrofobia.
(Leia aqui uma resenha expandida, na 451, só para assinantes, ou aqui, só para mecenas.)
2 Forte candidato ao posto de Grande Romance Latino-Americano
Seguindo a trilha aberta por “Nostromo”, de Conrad, e “Os passos perdidos”, de Carpentier, surge o mais novo candidato ao posto de Grande Romance Latino-Americano.
Escrito por um espanhol, ambientado em um México que representa toda a América Latina e evocando a estética do faroeste, esse romance é uma viagem alucinante e alucinógena, através do espaço mas também do tempo, pelos dramas do nosso continente, da escravidão colonial do século XVI à crise dos imigrantes não-documentados de Donald Trump no XXI.
(Leia aqui uma resenha expandida, na Folha, só para assinantes, ou aqui, só para mecenas.)
1 Uma leitura que é uma experiência religiosa
O romance anterior teria sido o livro do ano de qualquer ano que não incluísse esse aqui, uma das leituras mais impactantes de toda uma vida dedicada a leituras impactantes.
Ostensivamente, esse romance é sobre um professor fracassado do Leste Europeu, mas não há como descrever essa obra tão cósmica com palavras que lhe façam justiça.
Nunca houve na literatura um livro tão antiliterário e que, justamente por isso, ilustra tão bem as potencialidades ainda inexploradas do romance como gênero literário.
Essa obra é, no mínimo, uma leitura revolucionária e transformadora, mas talvez até, sem medo do exagero, também uma experiência religiosa.
(Leia aqui uma resenha expandida, na Folha, só para assinantes, ou aqui, ainda maior, só para mecenas.)
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Muito, muito obrigado por ler até aqui.
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interessante lista