A invenção do Nordeste, de Durval Muniz de Albuquerque Jr
"O Nordeste não é o Nordeste tal como é, mas tal como foi nordestinizado"
O “Nordeste” não tem existência concreta: ele é uma ideia, que sabemos quando foi inventada, como foi desenvolvida, a quem serviu.
A Invenção do Nordeste
Em A Invenção do Nordeste e outras artes, Durval Muniz de Albuquerque Jr narra a criação e consolidação da idéia de região Nordeste ao longo do século XX, um processo que incluiu a gestação de discursos literários e políticos, se estendendo também para a música e as artes plásticas.
A Invenção do Nordeste foi originalmente apresentado como tese de doutorado em História na Unicamp (1994). Em 1996, ganhou o concurso Nelson Chaves, de teses sobre o Norte e Nordeste, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco. Foi publicado em 1999 e teve sua terceira edição lançada em 2006. Uma interessante mescla de estudos culturais, história cultural e crítica literária, o livro busca mostrar o processo através do qual a região Nordeste surge no imaginário brasileiro como uma criação sociopolítica e cultural.
Segundo o autor, o Nordeste começa a ser criado em princípios do século XX, em resposta a várias crises. A seca, particularmente a de 1915, atinge a região de forma brutal. Buscando verbas e apoio na capital federal, os representantes dos estados afetados descobrem que a seca é um modo eficiente de obter recursos. De uma forma ainda incipiente e bem pragmática, "Nordeste" passa a significar a "região afetada pela seca". Um outro momento de crise propiciado pela seca é a emergência do cangaço, onde bandos de homens sem futuro e sem perspectivas assolam o sertão, desafiando a lei, roubando, matando:
"O combate ao cangaceiro, que não respeitava as fronteiras estaduais, vai exigir também a crescente atuação conjunta do aparelho repressivo dos estados. O Nordeste é, pois, uma região que se constrói também no medo contra a revolta do pobre, no medo da perda de poder para a 'turba de facínoras que empestavam o sertão'". (71)
Enquanto existe e atua, o cangaceiro serve não apenas para unificar as forças policiais, mas também para sublinhar o clima de desesperança da região: ele é o sintoma de toda uma crise, o adversário paradigmático do coronel, aliás, seu exato oposto, o outro lado de uma mesma moeda. Depois de extinto, entretanto, na década de 40, o cangaceiro torna-se importante símbolo. Para os setores conservadores, ele simboliza toda a barbárie de que o povo é capaz se não for constantemente submetido pela força da lei — justificando assim mais verbas policiais e militares para a oligarquia regional. Nesse aspecto, o beato entrincheirado em Canudos, o devoto de Padim Ciço e o cangaceiro são todos manifestações da mesma barbárie latente do nordestino sertanejo. Para os setores progressistas, o cangaceiro simboliza a capacidade de revolta do povo contra a opressão econômica, sendo não apenas um sintoma da pobreza da região e do desespero do homem do campo, mas também um exemplo de revolta popular razoavelmente bem sucedida contra um opressor muito melhor aparelhado — justificando assim campanhas marxistas de denúncia às oligarquias e aparelhamento material e ideológico do trabalhador rural. Dado que o cangaceiro significa um pouco para todos, sua continuada sobrevivência no imaginário nacional não deve ser surpresa para ninguém.
O avesso do cangaceiro é o coronel. Embora mecanismos políticos tradicionais existam por todo país, o Nordeste ainda é visto como a região das oligarquias e dos coronéis: naturalmente, pois foi justamente no Nordeste que essas oligarquias melhor conseguiram se articular para inventar uma região em nome da qual falam e reivindicam (129). Existe algo de fortemente conservador no pensamento que dá forma ao conceito de Nordeste. Como aponta Albuquerque, o Nordeste é filho da modernidade, mas um filho reacionário, uma maquinaria imagético-discursiva gestada para conter o processo de desterritorrialização por que passavam as elites locais (306). Na verdade, a invenção do Nordeste foi um dos principais momentos de recusa da modernidade na cultura brasileira (312). Esse fenômeno se manifesta claramente no tratamento da cidade e da indústria dentro deste "imaginário nordestino". Apesar de ter sido palco de algumas das primeiras e principais experiências urbanas e industriais do país, o Nordeste ainda é visto, representado e entendido como uma região rural por excelência:
As cidades nordestinas, quando tematizadas, parecem ter parado no período colonial, são abordadas como cidades folclóricas, alegres, cheias de luz e arquitetura barroca (104-105). O Nordeste como lugar da tradição é sempre tematizado como uma região rural, onde as cidades aparecem como símbolos de decadência, do pecado, dos desvirtuamento da pureza e da inocência camponesas. Embora muito antigo, o fenômeno urbano e metropolitano no Nordeste é praticamente ignorado por sua produção artística e literária. Sendo o local de uma das primeiras manifestações industriais do país, a indústria é vista com desconfiança, como um corpo estranho numa "região agrícola" (115).
Nesse contexto, o folclore também se torna importante ferramenta conservadora. Embora se vejam como defensores da cultura popular, os folcloristas são os maiores detratores do folclore. Ao cobrar a permanência do folclore ao longo do tempo, esses estudiosos na prática pegam uma tradição viva e sempre mutável e tentam petrificá-la em algum momento do passado, impedindo que os contemporâneos tomem-na para si como fizeram seus avós. Equivale a dizer: o folclore era vivo e mutável e válido até o ano X: depois disso, mudanças passam a ser "distorções" nas tradições populares. Ao ser tornado obsoleto, o folclore torna-se também uma ferramenta reacionária. Como argumenta Durval, um dos modos dessa elite regional se perpetuar no poder é criando uma nova tradição que responda ao seus interesses ao mesmo tempo que reivindicam uma pretensa continuidade dessa mesma tradição inventada:
O folclore seria um elemento de integração do povo nesse todo regional, (...) [apresentando] uma função disciplinadora, de educação, de formação de uma sensibilidade, baseada na perpetuação de costumes, hábitos e concepções, construindo novos códigos sociais, capazes de eliminar o trauma, o conflito trazido pela sociedade moderna. O uso do elemento folclórico permitia criar novas formas que, no entanto, ressoavam antigas maneiras de ver, dizer, agir, sentir, contribuindo para a invenção de tradições. Construir o novo, negando a novidade, atribuindo-o a uma pretensa continuidade. (77-78)
Para Albuquerque, o Nordeste é produto de uma homogeneização (26). O Nordeste é maior, mais complexo e mais multifacetado do que sua imagem, seu rótulo, seu paradigma. Para que se formasse a idéia de um Nordeste rural, foi necessário "esquecer" suas cidades; para que se formasse a idéia de um Nordeste seco e árido, foi necessário "esquecer" suas imensas florestas, e assim por diante, tudo para conseguir encaixar todo o Nordeste, em toda sua complexidade ecológica, econômica e social, dentro dos estreitos limites do seu paradigma cultural. Como escreve Albuquerque, o Nordeste é "uma construção mental, formada por conceitos sintáticos e abstratos que procuram dar conta de uma generalização intelectual, de uma enorme variedade de experiências efetivas. Falar e ver a nação ou região não é, a rigor, espelhar essas realidades, mas criá-las." (27) E mais adiante ele conclui:
"O Nordeste quase sempre não é o Nordeste tal como é, mas tal como foi nordestinizado." (311)
Naturalmente, grande parte dessa nordestização simplista e redutora foi perpetrada pelos próprios intelectuais e escritores nordestinos. A partir das décadas de vinte e trinta, a literatura regional ascende à condição de literatura nacional, "preocupada com a nação e com seu povo, mestiço, pobre, inculto e primitivo em suas manifestações sociais. A literatura passa a ser vista como destinada a oferecer sentido às várias realidades do país; a desvendar a essência do Brasil real." (107) O romance nordestino por excelência vai tender a reforçar os estereótipos já vistos, como a recusa à modernidade e a repulsa à cidade e à indústria; e serão francamente nostálgicos em relação a um passado em que a vida parecia mais clara e estável, com todas as hierarquias fixas e ordenadas. São romances escritos por uma elite que se vê perdida em um mundo novo e tenta recuperar o que perdeu: "o que mais temem na modernidade é o dilaceramento, o conflito em torno do próprio espaço tido, até então, como referente natural e eterno." (114) Por isso, o discurso do romance regional é hierarquizado, valoriza uma sociedade onde cada um sabe o seu lugar. Ao enfatizar a arbitrariedade do mundo burguês e a exploração do assalariado, acabam por valorizar a sociedade patriarcal e escravista, criando uma visão lírica, muitas vezes explicitamente saudosista, da escravidão. (123) Esse conservadorismo do romance de trinta se reflete também na espessura dos seus personagens: são tipos fixos, petrificados, "que mesmo diante de todos os conflitos internos e dos dissabores externos que enfrentam ao longo da trama, nunca chegam a se negar a si mesmos; eles têm garantida a continuidade de "um modo de ser", de "um modo de pensar", de um "modo de agir" regional." Como em qualquer romance de tese, e o romance regional de trinta não deixa de ser um romance de tese, a função dos seus personagens parece ser a manutenção de uma essência e eliminação de qualquer virtualidade. (110)
O Nordeste não é somente a invenção da elite de direita mas também da elite de esquerda, escritores e artistas, estudiosos e acadêmicos cujo discurso ajuda a elaborar o que é, basicamente, um território de revolta. De certa forma, ambas elites agem de forma igual: seus discursos classe média urbanos-industriais são sempre proferidos de cima pra baixo, um discurso do Brasil civilizado sobre o Brasil rural, tradicional, arcaico, rebelde, bárbaro, primitivo, uma região bárbara que só pode ser domada seja pela disciplina burguesa ou pela disciplina revolucionária. De esquerda ou de direita, são sempre discursos etnográficos, que vêem o outro como exótico, curioso, distante, que vêem o povo como pretexto para veicular suas demandas de poder ao Estado, "de tomar a voz e a visão do povo para si; de falar em nome dele." (194-195) Um intelectual regionalista, seja de esquerda ou de direita, é aquele que se sente eternamente longe do centro irradiador de poder e de cultura. A base do seu discurso é a denúncia dessa sua distância, dessa sua impotência, dessa sua vitimização. (50)
A esquerda toma o Nordeste como "exemplo privilegiado da miséria, da fome, do atraso, do subdesenvolvimento, da alienação do país" (192); dá apenas uma leitura marxista a já existente mitologia do Nordeste, mas ainda mantendo-a presa às mesmas questões: "a visibilidade e dizibilidade da região Nordeste, como de qualquer espaço, são compostas também de produtos da imaginação, a que se atribuem realidade. Compõem-se de fatos que, uma vez vistos, escutados, contados e lidos, são fixados, repetem-se, impõem-se como verdade, tomam consistência, criam raízes" (192). Ou seja, o discurso torna-se mais real do que a própria realidade e chega-se ao ponto de que não se pode mostrar um verão nordestino em que "os ramos não estejam pretos e as cacimbas vazias" (192). O Nordeste não existe mais sem seca, coronéis, jagunços ou santos. (192) Ou, inversamente, não pode existir com progresso, indústria, florestas, eleições livres — todos elementos que extrapolam os limites do paradigma e demonstram sua explícita falsidade: "o Nordeste dos 'regionalistas e tradicionalistas' é uma região formada por imagens depressivas, decadentes." (80)
No romance de trinta, eminentemente de esquerda, "a ênfase na luta social entre as classes é uma premissa básica na construção das narrativas e das obras." (200) Entretanto, culpar o capitalismo como causa única da regionalização do Nordeste implica que, antes da criação da região, "existia uma unidade anterior que se dissolveu, quando, na verdade, tanto esta idéia da existência de uma unidade anterior, que seria a nação, como a idéia da regionalização posterior, são efeitos de relações discursivas." (34) Ou seja, insiste-se na idéia falsa de que o existe um Nordeste verdadeiro, autêntico, por trás do Nordeste falso, explorado, expoliado, que vemos hoje. Ao perseguir essa quimera, esses intelectuais cegam-se em relação ao verdadeiro processo de criação de um discurso constitutivo da região. Seus discursos, eternamente presos na lógica da vitimização, ao criar um "outro" culpado pelas mazelas sociais, criam também um "eu" descomprometido com sua condição, inocente, explorado: "o discurso das desigualdades regionais, por exemplo, traz em sua base a falsa premissa de que um dia existiu ou poderão existir regiões iguais, além de partir da naturalização e homogeneização das regiões que põe em comparação." (310)
O Nordeste não é apenas criado no próprio Nordeste mas em todo o país, especialmente no Sudeste, por intelectuais "que disputam com os intelectuais nortistas a hegemonia no interior do discurso histórico e sociológico." (101) Do ponto de vista complacente das elites sulistas, o Brasil "seria um país cindido entre a inteligência do sul, mais bem aparelhada em seus conceitos de realidade e, de outro lado, o 'nortista', fantasioso, imaginoso e sensitivo, delirante e compadecido." (104) Se, por um lado, a elite regional cria o Nordeste como o espaço do passado, a população migrante vai instituir o Nordeste como o espaço da saudade. (151) De acordo com Albuquerque, o grande responsável por esse processo teria sido o músico Luiz Gonzaga, ao assumir uma identidade francamente regional e se transformar em representante do Nordeste no Rio de Janeiro, dirigindo suas músicas ao migrante nordestino radicado no sul (154) e se colocando como "intermediário entre 'o povo do Nordeste' e o estado, que deseja saber os desejos do povo, cabendo ao artista fazê-los visíveis." (157) Seria o sucesso de suas músicas um dos fatores iniciais de solidificação de uma identidade regional entre os migrantes: apesar de provenientes de estados diferentes, com culturas diferentes, sotaques diferentes, experiências diferentes, eles começam a se ver como iguais em gostos, costumes e valores — o que não acontecia na própria região. (159) Esse processo vai responder a uma das questões levantadas por Albuquerque: como pode a cultura regional do Nordeste ser tão rica e resistente se a região é subordinada política e economicamente, se sua população migra para dentro e para fora da região, se sofrem um contínuo processo de desenraizamento cultural? Como conseguiram preservar suas raízes e tradições? (158):
Isto se deve exatamente ao fato de a "cultura nordestina" ser uma invenção recente, assim como o Nordeste, fruto em grande parte deste próprio desenraizamento. Esse espaço e essa cultura da memória, do passado, não são apenas evocação, mas principalmente criação de um espaço imaginado e de tradições feitas em contraponto à realidade urbana e sulista enfrentada pelos migrantes. (158)
Esse discurso acaba construindo uma dicotomia na qual o Nordeste — e, por oposição, o Sul — são vistos alternadamente como inferno na terra e utopia saudosista. Por um lado, o Nordeste é visto como o espaço da seca, da morte, da pobreza, sendo a terra de promissão sempre localizada mais ao sul, "o caminho da libertação do nordestino, mesmo que possa significar, inicialmente, o aprisionamento na máquina burguesa de trabalho." (199) E, por outro, o Nordeste também é construído, à distância, distância tanto espacial quanto temporal, como o espaço da ordem, da bondade, das tradições, onde as coisas ainda são como deveriam ser, em oposição a essa cidade grande sempre suja, decadente, falsa, hipócrita, hostil — tudo o que o "Nordeste verdadeiro" não é.
Segundo Albuquerque, o artista que inicia o processo de "desregionalização da região" é João Cabral de Mello Neto. Em muitos aspectos, sua obra dá continuidade a diversos elementos típicos do romance de trinta e da ideologia marxista, como a construção de "um espaço submetido a uma operação de homogeneização, onde parece só haver miséria, exploração e fome." (260) O que diferencia Cabral, entretanto, é seu projeto de representar o Nordeste através da forma e não apenas do conteúdo, através de uma linguagem que deva imitar e não encobrir a realidade (252), uma linguagem seca não por resignação, mas por contundência, uma depuração que é tanto estratégia linguística quanto política, pois ambas as coisas não se separam. (256) Cabral é diferente de seus antecessores por utilizar a linguagem e o estilo para desconstruir as tradições inventadas da região (255): ele não evoca um passado nostálgico, não se identifica nem com a sociedade patriarcal nem com a burguesa; a construção do seu futuro passa pela "destruição das ilusões trazidas pela memória e pela celebração do presente como momento transformador." (262)
O problema com Cabral, entretanto, continua Albuquerque, é que apesar de seus esforços para desconstruir a "mitologia" do Nordeste, toda a sua crítica da linguagem ainda se pauta pela busca de uma linguagem mais adequada para exprimir a realidade do Nordeste. Quando desconstrói o falso Nordeste da tradição ele também deixa implícito a existência de um Nordeste verdadeiro, encontrável e articulável em forma de poesia. O que ele deseja encontrar é a forma correta de expressar o Nordeste real, de torná-lo claro e cristalino, de mostrá-lo em sua verdade (253), permanecendo assim sempre preso à "ilusão da possibilidade de construção de uma imagem e de um texto que correspondessem plenamente à sua realidade, que fossem expressão de sua verdade" (263):
Ao querer reconstruir o Nordeste, ao invés de destruí-lo, por querer encontrá-lo em sua verdade, em vez de denunciá-lo como uma impostura, é que a racionalidade de sua poesia fez água. Ao não tomar o Nordeste como uma abstração a serviço da dominação, o poeta, ao concretizá-lo, ofereceu novas formas para esta dominação se reproduzir, tropeçando nas próprias pedras que quis colocar no caminho da dominação. (262-263)
Albuquerque conclui seu estudo lembrando que a busca por raízes, fruto de um olhar sempre voltado para baixo, tende a reproduzir nossa eterna condição de colonizados sempre em busca de nós mesmos: "os que vão em busca de raízes acabam cobertos de lama e de pedregulhos. O caminho da grande arte nunca foi o das raízes, mas o das estrelas." (286) Por ser uma invenção recente na história brasileira, o Nordeste não pode jamais ser estudado sem que se leve em conta essa historicidade. (305) Por fim, o grande perigo intelectual ao se escrever sobre o Nordeste, pior do que o anacronismo, é a falácia de Cabral: uma busca vã por um Nordeste verdadeiro e quimérico que nunca existiu:
"O discurso regionalista não é apenas um discurso ideológico, que desfiguraria uma pretensa essência do Nordeste ou de outra região. O discurso regionalista não mascara a verdade da região, ele a institui." (grifo do autor) (49)
Nossas leituras das duas últimas aulas do curso A Grande Conversa Brasileira: a ideia de Brasil na literatura nos colocam no meio desse processo histórico: Ariano Suassuna e Raquel de Queiroz, na aula Retirantes & sebastianistas, na quinta, 8 de dezembro, e Clarice Lispector, na aula Místicas & engajadas, na quinta, 6 de janeiro.
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Notas
Você está lendo uma série de quatro textos: esse é o segundo. No anterior, pincelei rapidamente a ascensão e queda do romance social de trinta.
Nos seguintes, vou mostrar como o romance A hora da estrela, de Clarice Lispector, dá continuidade a esse processo de desconstrução do discurso regional. Através da interação do narrador-ficcional Rodrigo S.M. com a personagem nordestina Macabéa, Clarice demonstra na prática as teorias de Albuquerque em funcionamento: Rodrigo é o próprio Sudeste, tentando entender, digerir e controlar o Nordeste (que ele mesmo constrói como pobre, desgraçado e indefeso) encarnado na migrante Macabéa.
Leia agora:
Esse texto é fundamentalmente uma paráfrase de A Invenção do Nordeste e outras artes, de Durval Muniz de Albuquerque Jr, publicado pela Editora Massangana, no Recife, em 1999. Os números de página se referem à primeira edição. Atualmente, o livro está na 5ª edição e merece todo o sucesso que tem gozado.
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Curso atual: A Grande Conversa Brasileira
A penúltima aula, Retirantes & sebastianistas, sobre Ariano Suassuna e Raquel de Queiroz, acontece na quinta, 8 de dezembro, e a última, Místicas & engajadas, sobre Clarice Lispector, na quinta, 6 de janeiro.
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Um beijo do
Alex