Gostei de ler. Sou da Califórnia mas passei 4 anos no Rio (última vez, em 2022, morei em Copa), e 6 meses em Sampa. Nunca entendi SP e hj não entendo mais o RJ. Petrópolis é a “minha praia” se eu tivesse que escolher mas não tem como pois já deixei o BR pra trás. Acontece que eu morei em NOLA em 2009, tlvz vc tava tb. Vi que falou do Concorde e da Bolsa, escrevi sobre os dois aqui: https://ambulatinbr.substack.com/p/alem-do-milagre-economico-do-brasil
Nunca tinha lido nada sobre o provincianismo de São Paulo, capital. Foi uma grata surpresa porque vem ao encontro do que senti quando lá desembarquei para morar pela primeira vez em 1983. Estava animada para viver na metrópole em que tudo que se imaginar, é até o que não se imaginar era uma opção na imensa cidade. Foi o que me disseram na minha passagem para um curso no ano anterior. As muitas possibilidades, percebi depois, acabavam por segregar as pessoas no que eu chamava de guetos. Eu tinha vindo de uma vila no interior de um dos Estados mais conservadores, seguida da capital mais provinciana do país, e perceber que a São Paulo onde vivi naqueles anos vencia em provincianismo foi decepcionante e me isolou na primeira e mais grave solidão que tive na vida. Eu nunca consegui pertencer, mesmo quando insisti em morar lá mais 2 vezes. Sempre disse que era amor não correspondido. Vendo com os olhos de hoje, eu estava na bolha errada, ou dito de outra forma, não encontrei o meu grupo de afinidades. Minto. O grande problema era eu sentir que poderia me adaptar a qualquer comunidade e todo gueto tem uma ética e estética a serem rigorosamente seguidas. Nesse caso, a solidão cabe em qualquer lugar do mundo.
Poderia dizer que entre a "grandeza" carioca e a pequenez paulista vão-se pontos de vista que tanto as caracterizam quanto as distinguem. Se as novelas cariocas, representantes da qualidade televisiva nacional não fossem feitas pela "Globo" teriam sido feitas, como já foram, pela Cultura, pela TV Tupi, Tv, Excelsior, Tv Record ( a mais antiga sobrevivente), Tv Bandeirantes... entre as muitas, levando-se em consideração, aliás, dois fatores: 1- o fator político, que trouxe a Globo para o Brasil com objetivos específicos . 2- o fator econômico - a migração forçada de TODOS os artistas paulistanos para o complexo artistico da Globo, ao ponto de, "argh!" terem que assumir o que o carioca tem de mais repugnante que é o seu sotaque. Sobre sotaque carioca, aliás, que já foi bonito ( quando ouço a Elizeth Cardoso cantar, bem o lembro) vejo-me na obrigação de concordar com você: ele universalizou-se a partir do morro tornando-se flácido, arrastado, debochado e preguiçoso. Tanto que pessoas admiráveis são ouvidas com sacrifício. Carioca que dá certo vira paulista- (Ronnie Von, Silvio Santos, Jô Soares...) Paulista errado vira carioca, não que sejamos melhores que os cariocas. Dadas as proporções de São Paulo, relativamente ao Rio de Janeiro, e o fluxo humano que recebemos por aqui -Sampa - tivemos que desenvolver um discreto respeito e solidariedade com o próximo que o carioca não tem. Carioca é gozador e aproveitador, pelo menos com os paulistas. Outro fator importante e que traz, não raro, distorções de entendimento : o lema "São Paulo para os paulistas". Esse lema é fala do rico interior do estado que tem elegido (ou eleito) os últimos governantes desta metrópole. A capital paulista, dos mais de 20 milhões de paulistanos da grande São Paulo, não falam a mesma língua dos paulistas do interior e são, em sua maioria, cosmopolitas mesmo, pessoas ocupadas com as suas próprias vidas.
No mais, concordo de dedinhos dados com a nossa respectiva arrogância - paulistana e carioca.
Quando fui morar no Espírito Santo, terra onde carioca não folga, pois que tão ou mais bonita que o Rio de Janeiro, surpreendi-me dizendo numa conversa entre colegas uma frase supreendente:
"nós, aqui em São Paulo..." como se o Espírito Santo também fosse território paulista. E não temos nem pruridos e nem orgulho em dizer que vemos o país todo como se fosse São Paulo. Talvez porque representantes de todos os estados vêem São Paulo como o Brasil. Abraços.
A revisão deixou o texto muito melhor que antes. Quanto ao Rio, acho que percebo diferenças comportamentais que talvez vocês não percebam por estarem tão mergulhadas na cidade. Viver em Cachambi, por exemplo te molda de uma forma tão diferente do que viver no Botafogo. E por favor, celebrem a Ciência produzida no Rio para o mundo! Celebrem a Fiocruz, celebrem o CPDA -Programa de Pós Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFFRJ!
Gostei de ler. Sou da Califórnia mas passei 4 anos no Rio (última vez, em 2022, morei em Copa), e 6 meses em Sampa. Nunca entendi SP e hj não entendo mais o RJ. Petrópolis é a “minha praia” se eu tivesse que escolher mas não tem como pois já deixei o BR pra trás. Acontece que eu morei em NOLA em 2009, tlvz vc tava tb. Vi que falou do Concorde e da Bolsa, escrevi sobre os dois aqui: https://ambulatinbr.substack.com/p/alem-do-milagre-economico-do-brasil
RJ é isso kk
Nunca tinha lido nada sobre o provincianismo de São Paulo, capital. Foi uma grata surpresa porque vem ao encontro do que senti quando lá desembarquei para morar pela primeira vez em 1983. Estava animada para viver na metrópole em que tudo que se imaginar, é até o que não se imaginar era uma opção na imensa cidade. Foi o que me disseram na minha passagem para um curso no ano anterior. As muitas possibilidades, percebi depois, acabavam por segregar as pessoas no que eu chamava de guetos. Eu tinha vindo de uma vila no interior de um dos Estados mais conservadores, seguida da capital mais provinciana do país, e perceber que a São Paulo onde vivi naqueles anos vencia em provincianismo foi decepcionante e me isolou na primeira e mais grave solidão que tive na vida. Eu nunca consegui pertencer, mesmo quando insisti em morar lá mais 2 vezes. Sempre disse que era amor não correspondido. Vendo com os olhos de hoje, eu estava na bolha errada, ou dito de outra forma, não encontrei o meu grupo de afinidades. Minto. O grande problema era eu sentir que poderia me adaptar a qualquer comunidade e todo gueto tem uma ética e estética a serem rigorosamente seguidas. Nesse caso, a solidão cabe em qualquer lugar do mundo.
perfeito. é isso mesmo.
Poderia dizer que entre a "grandeza" carioca e a pequenez paulista vão-se pontos de vista que tanto as caracterizam quanto as distinguem. Se as novelas cariocas, representantes da qualidade televisiva nacional não fossem feitas pela "Globo" teriam sido feitas, como já foram, pela Cultura, pela TV Tupi, Tv, Excelsior, Tv Record ( a mais antiga sobrevivente), Tv Bandeirantes... entre as muitas, levando-se em consideração, aliás, dois fatores: 1- o fator político, que trouxe a Globo para o Brasil com objetivos específicos . 2- o fator econômico - a migração forçada de TODOS os artistas paulistanos para o complexo artistico da Globo, ao ponto de, "argh!" terem que assumir o que o carioca tem de mais repugnante que é o seu sotaque. Sobre sotaque carioca, aliás, que já foi bonito ( quando ouço a Elizeth Cardoso cantar, bem o lembro) vejo-me na obrigação de concordar com você: ele universalizou-se a partir do morro tornando-se flácido, arrastado, debochado e preguiçoso. Tanto que pessoas admiráveis são ouvidas com sacrifício. Carioca que dá certo vira paulista- (Ronnie Von, Silvio Santos, Jô Soares...) Paulista errado vira carioca, não que sejamos melhores que os cariocas. Dadas as proporções de São Paulo, relativamente ao Rio de Janeiro, e o fluxo humano que recebemos por aqui -Sampa - tivemos que desenvolver um discreto respeito e solidariedade com o próximo que o carioca não tem. Carioca é gozador e aproveitador, pelo menos com os paulistas. Outro fator importante e que traz, não raro, distorções de entendimento : o lema "São Paulo para os paulistas". Esse lema é fala do rico interior do estado que tem elegido (ou eleito) os últimos governantes desta metrópole. A capital paulista, dos mais de 20 milhões de paulistanos da grande São Paulo, não falam a mesma língua dos paulistas do interior e são, em sua maioria, cosmopolitas mesmo, pessoas ocupadas com as suas próprias vidas.
No mais, concordo de dedinhos dados com a nossa respectiva arrogância - paulistana e carioca.
Quando fui morar no Espírito Santo, terra onde carioca não folga, pois que tão ou mais bonita que o Rio de Janeiro, surpreendi-me dizendo numa conversa entre colegas uma frase supreendente:
"nós, aqui em São Paulo..." como se o Espírito Santo também fosse território paulista. E não temos nem pruridos e nem orgulho em dizer que vemos o país todo como se fosse São Paulo. Talvez porque representantes de todos os estados vêem São Paulo como o Brasil. Abraços.
Corrigindo: ". Talvez porque representantes de todos os estados vejam São Paulo como o Brasil. Abraços.
A revisão deixou o texto muito melhor que antes. Quanto ao Rio, acho que percebo diferenças comportamentais que talvez vocês não percebam por estarem tão mergulhadas na cidade. Viver em Cachambi, por exemplo te molda de uma forma tão diferente do que viver no Botafogo. E por favor, celebrem a Ciência produzida no Rio para o mundo! Celebrem a Fiocruz, celebrem o CPDA -Programa de Pós Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFFRJ!
ótima releitura deste seu texto , muito bom .. abraços , paz , luz e amor
Gostei. Dá pra ser apaixonado e crítico.