Apesar de ainda ser multi em muita coisa, tenho meus momentos de atenção plena e os percebo justamente naquilo que mais gosto de fazer, foi uma escolha natural do processo de seguir fazendo o que gosto, sempre detalhado e focado.
Cara, entendo 100% o que tu diz aí. Em 2014, já meio incomodado com essa percepção, me juntei a um amigo e fizemos um podcast que só vale a pena ser ouvido se for pra prestar 100% de atenção nele hahaha. Sério. O ideal, eu diria, é realmente deitar e ouvir SÓ o podcast. A gente se preocupou em cada mínimo detalhe dele - tanto que escrevemos, atuamos, compomos a trilha. Não podíamos terceirizar a outro pq era um incômodo que parecia bastante particular nosso. Ele é de ficção e tal, o A Voz de Delirium.
Desculpa meter loucamente uma auto divulgação aqui. Acho isso feíssimo e me sinto sujo. É que até então não tinha encontrado esse incômodo tão bem pontuado por aí, e foi meio que um alívio encontrar teu texto.
Entendo perfeitamente suas colocações. Eu amo podcast, e escuto de um tudo: fofocas, bobagens, escuto 2x a mesma coisa, entrevistas aleatórias, coisas profundas, análises políticas... enfim. Mas minha percepção atualmente é muito de enredos, de pessoas, de "como é a vida do outro", "sério que isso acontece?" Porque a pandemia só acentuou o que eu sempre tive: ausências. Hoje só tenho minha família, leituras e áudios (e o pessoal do trabalho, de quem não gosto e em quem não confio kkkcrying). Então é meio novela, meio família, meio vida. Mas às vezes conto pra minha irmã alguma coisa que se destacou nisso tudo pra mim, e ela SEMPRE fala "não sei como você aguenta" "não sei por que perde tempo com isso" porque pra ela é absolutamente impensável escutar pessoas que ela não conhece, não admira, conversas sem propósito, de que talvez não aprenda nada... etc. Ela escuta áudios do whatsapp em velocidade, estuda nos tempos vagos.. o tempo pra ela vale matérias e notas no curso, enquanto pra mim o tempo é interação, é fazer parte, é sentir que sei o que está acontecendo nos núcleos (para concordar ou discordar).
E, independente da posição, silêncio é essencial. Não importa o perfil.
Pensa na doméstica que faz o almoço enquanto varre a casa, olha as crianças da patroa, atende o telefone e não consegue fazer nada disso sem ter o rádio ligado e cantar junto a música do seu ídolo. (Assista a um episódia da Diarista ) Ela não faz nada disso pela metade, ela apenas tem a capacidade de compartimentalizar sua atenção em segundos precisos sem confundir uma tarefa com a outra. Homens comuns se irritam grandemente com as conversas femininas quando elas acontecem entre elas mesmas. Para os ouvidos deles elas falam todas ao mesmo tempo. Entre elas, elas apenas conseguem prestar atenção em mais de uma interlocutora, ou em todas, estabelecendo diálogos. E não é atenção meia boca. Atenção plena, só a meditação profunda exige, no mais o dia a dia não permite ao mortal comum.
Eu adorei seu texto, muitas coisas eu faço para afastar isso sem nem perceber. Tipo tem gente que comer, segurar o celular, ver a cena do filme/série e ler legenda eu não consigo fazer isso e me sentia um pouco mal. Escuto audiobook quando estou de ressaca literária e depois que conheci um pouco o livro passo para a ler. Não consigo assistir/ler 24 minutos de uma série sem fazer uma pausa para mexer no tt quero mudar isso.
E eu que não entendia porque não consigo gostar de milhares de podcast que as pessoas me indicam... Me sinto tão menos culpada nesse momento. Nem acredito.
Eu também detesto nas 90% das vezes as mesas de bares, festas cheias de gente etc etc etc.
E apesar de tudo isso eu não sou uma pessoa super introvertida, porém não gosto de perder tempo com coisas que não me acrescentam e detesto ter que fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Apesar de conseguir faze-las para poder sobreviver nesse mundo capitalista!
achei interessante ler as suas colocações, apesar de ser uma fã de podcasts. gostei muito de ouvir seu ponto de vista. é engraçado que, o que me leva ao podcast são aspectos diferentes. eu gosto bastante de mídias que não entregam tudo e que fazem você imaginar alguma coisa. por exemplo, prefiro livros e podcasts aos filmes, porque sinto que há uma brecha para minha subjetividade passar. outra coisa que me une ao podcast também é o hábito da minha família de escutar o rádio. com essa atualização, me sinto conectada à infância. sinto também que, por causa desse consumo, acabo necessitando bastante de momento de silêncio. mas acho que, pra além da mídia em si, isso fala algo do nosso tempo. precisamos estar sempre conectados e eficientes. ler sua posição me fez repensar!
Belíssima colocação, Alex.
Apesar de ainda ser multi em muita coisa, tenho meus momentos de atenção plena e os percebo justamente naquilo que mais gosto de fazer, foi uma escolha natural do processo de seguir fazendo o que gosto, sempre detalhado e focado.
Cara, entendo 100% o que tu diz aí. Em 2014, já meio incomodado com essa percepção, me juntei a um amigo e fizemos um podcast que só vale a pena ser ouvido se for pra prestar 100% de atenção nele hahaha. Sério. O ideal, eu diria, é realmente deitar e ouvir SÓ o podcast. A gente se preocupou em cada mínimo detalhe dele - tanto que escrevemos, atuamos, compomos a trilha. Não podíamos terceirizar a outro pq era um incômodo que parecia bastante particular nosso. Ele é de ficção e tal, o A Voz de Delirium.
No finalzinho de 2019 escrevi um post que tem uma sensação bem parecida com essa tua, tá aqui: https://andremonsev.medium.com/o-que-o-p%C3%B3s-ano-dos-podcasts-pode-nos-ensinar-8630ba02cdeb
Desculpa meter loucamente uma auto divulgação aqui. Acho isso feíssimo e me sinto sujo. É que até então não tinha encontrado esse incômodo tão bem pontuado por aí, e foi meio que um alívio encontrar teu texto.
Entendo perfeitamente suas colocações. Eu amo podcast, e escuto de um tudo: fofocas, bobagens, escuto 2x a mesma coisa, entrevistas aleatórias, coisas profundas, análises políticas... enfim. Mas minha percepção atualmente é muito de enredos, de pessoas, de "como é a vida do outro", "sério que isso acontece?" Porque a pandemia só acentuou o que eu sempre tive: ausências. Hoje só tenho minha família, leituras e áudios (e o pessoal do trabalho, de quem não gosto e em quem não confio kkkcrying). Então é meio novela, meio família, meio vida. Mas às vezes conto pra minha irmã alguma coisa que se destacou nisso tudo pra mim, e ela SEMPRE fala "não sei como você aguenta" "não sei por que perde tempo com isso" porque pra ela é absolutamente impensável escutar pessoas que ela não conhece, não admira, conversas sem propósito, de que talvez não aprenda nada... etc. Ela escuta áudios do whatsapp em velocidade, estuda nos tempos vagos.. o tempo pra ela vale matérias e notas no curso, enquanto pra mim o tempo é interação, é fazer parte, é sentir que sei o que está acontecendo nos núcleos (para concordar ou discordar).
E, independente da posição, silêncio é essencial. Não importa o perfil.
pra mim o podcast também entrou muito nessa ausência de pandemia!
Excelente! É verdade que eu ouço podcast como pano de fundo para outras atividades, mas concordo com tudo o que você disse!
Pensa na doméstica que faz o almoço enquanto varre a casa, olha as crianças da patroa, atende o telefone e não consegue fazer nada disso sem ter o rádio ligado e cantar junto a música do seu ídolo. (Assista a um episódia da Diarista ) Ela não faz nada disso pela metade, ela apenas tem a capacidade de compartimentalizar sua atenção em segundos precisos sem confundir uma tarefa com a outra. Homens comuns se irritam grandemente com as conversas femininas quando elas acontecem entre elas mesmas. Para os ouvidos deles elas falam todas ao mesmo tempo. Entre elas, elas apenas conseguem prestar atenção em mais de uma interlocutora, ou em todas, estabelecendo diálogos. E não é atenção meia boca. Atenção plena, só a meditação profunda exige, no mais o dia a dia não permite ao mortal comum.
Acabei de encontrar por acaso teu texto. Gostei muito da sinceridade. Tenho outro tipo de relação com podcast mas entendo você. Muito boa tua news.
Eu adorei seu texto, muitas coisas eu faço para afastar isso sem nem perceber. Tipo tem gente que comer, segurar o celular, ver a cena do filme/série e ler legenda eu não consigo fazer isso e me sentia um pouco mal. Escuto audiobook quando estou de ressaca literária e depois que conheci um pouco o livro passo para a ler. Não consigo assistir/ler 24 minutos de uma série sem fazer uma pausa para mexer no tt quero mudar isso.
E eu que não entendia porque não consigo gostar de milhares de podcast que as pessoas me indicam... Me sinto tão menos culpada nesse momento. Nem acredito.
Eu também detesto nas 90% das vezes as mesas de bares, festas cheias de gente etc etc etc.
E apesar de tudo isso eu não sou uma pessoa super introvertida, porém não gosto de perder tempo com coisas que não me acrescentam e detesto ter que fazer mais de uma coisa ao mesmo tempo. Apesar de conseguir faze-las para poder sobreviver nesse mundo capitalista!
achei interessante ler as suas colocações, apesar de ser uma fã de podcasts. gostei muito de ouvir seu ponto de vista. é engraçado que, o que me leva ao podcast são aspectos diferentes. eu gosto bastante de mídias que não entregam tudo e que fazem você imaginar alguma coisa. por exemplo, prefiro livros e podcasts aos filmes, porque sinto que há uma brecha para minha subjetividade passar. outra coisa que me une ao podcast também é o hábito da minha família de escutar o rádio. com essa atualização, me sinto conectada à infância. sinto também que, por causa desse consumo, acabo necessitando bastante de momento de silêncio. mas acho que, pra além da mídia em si, isso fala algo do nosso tempo. precisamos estar sempre conectados e eficientes. ler sua posição me fez repensar!