Um videozinho sobre literatura espanhola
Chamando vocês para a Grande Conversa Espanhola, à venda, com desconto, só até amanhã, 6 de março
Queridas pessoas,
Meu próximo curso, Grande Conversa Espanhola: do El Cid ao Dom Quixote, a invenção da literatura moderna, começa no dia 6 de abril. Por isso, o desconto especial de lançamento vai só até amanhã, 6 de março. (Depois, o preço sobe um pouquinho.)
Acabei de publicar esse vídeo no Instagram, explicando um pouco melhor as premissas do curso. Convido vocês a assistirem e compartilharem com quem possa se interessar.
Caso o preço esteja alto, ou não possam pagar, por favor, não deixem de fazer um curso legal desses por falta de grana: falem comigo.
Mais detalhes sobre o curso na ementa ou abaixo.
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Quando o latim já estava engessado pela idade e pela obsolescência, e as línguas modernas ainda não estavam engessadas pelas gramáticas e pelas convenções, houve um mágico intervalo de tempo onde todas as possibilidades estavam em aberto, tudo ainda era possível, qualquer experimento literário parecia factível.
Poucas literaturas se aproveitaram dessa oportunidade de forma tão rica, tão frutífera, tão livre quanto a espanhola.
O meu próximo curso é para apresentar vocês à ela:
Grande Conversa Espanhola: do El Cid ao Dom Quixote, a invenção da literatura moderna.
O Poema do meu Cid, no século XIII, é a primeira grande obra-prima espanhola, talvez a primeira verdadeira obra-prima literária em qualquer língua românica (ainda faltavam cem anos para A Divina Comédia) e um exemplo do melhor que a poesia medieval tinha a oferecer. É a canção medieval perfeita, protagonizada pelo cavaleiro paradigmático, bem-sucedido e em total sintonia com seu mundo. Será nossa leitura da primeira aula, na quarta, 6 de abril.
O Dom Quixote, no século XVII, é a obra-prima indiscutível, incontornável da literatura espanhola, unanimemente considerada uma das maiores obras literárias de todos os tempos em qualquer época e de qualquer gênero, e texto fundador do romance contemporâneo. Não só por trazer um novo tipo de protagonista (falho e deslocado de um mundo onde não mais se encaixa) mas também por exigir um novo tipo de leitura, mais participativa e questionadora. Será a leitura de nossas últimas duas aulas, em abril e maio de 2023.
Nos quatro séculos que separam o Cid do Quixote, e em especial nos dois últimos, chamados coletivamente de “Século de Ouro”, a Espanha basicamente inventa:
o romance contemporâneo: o Quixote e seus precursores, o Lazarilho de Tormes, aula 7, e a A Celestina, aula 4;
a poesia popular: a “nossa” literatura de cordel nasce nos romanceiros espanhóis, que leremos na segunda aula;
a poesia contemporânea: só o século XX realmente começa a apreciar os universos poéticos de João da Cruz, aula 8, e Góngora, aula 10;
o teatro contemporâneo: Shakespeare, com sua separação estrita de gêneros, nos parece séculos mais velho que seus contemporâneos Tirso de Molina, aula 9, Lope de Vega, aula 11, e Calderón de la Barca, aula 12, criadores de um teatro que já era tudo ao mesmo tempo o tempo todo.
Além disso, a literatura espanhola nos lega arquétipos duradouros que estão conosco até hoje, e muitas vezes nem sabíamos que eram espanhóis: não só o Cid e o Quixote, mas também o-herói perfeito (Amadís de Gaula, aula 3), o sedutor canalha (Don Juan, aula 9) e o malandro blefador (Lazarilho de Tormes, aula 7).
Por fim, ao mesmo tempo em que cometiam as piores atrocidades no Novo Mundo, também foram os espanhóis os primeiros a teorizar sobre direitos humanos e liberdades inalienáveis, causando verdadeiras revoluções políticas na Europa. Esse debate será o assunto de nossa quinta aula.
Para entender a nossa literatura contemporânea (o que é?, como surgiu?, o que a define?), é preciso começar pelo Quixote. Para realmente entender o Quixote, é preciso conhecer a tradição com a qual conversa, os ídolos que imita, os desafetos que ataca, do Cid ao Amadís, do Lazarilho à Celestina.
Um beijo grande em todas vocês,
do Alex