Quem não se ama não tem como amar ninguém
Só quem ama a si mesma pode amar outra pessoa de peito aberto, de igual pra igual, com destemor e companheirismo.
Quem não ama a si mesma não tem como amar ninguém. Nem sabe como.
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A pessoa que se odeia, que não se ama, que se acha indigna de ser amada... ela, por definição, não sabe amar.
O que ela pode sentir por outras pessoas nunca vai ser amor, mas, no máximo, admiração por essas pessoas incríveis que, bem, não são ela.
Só quem ama a si mesma pode amar outra pessoa de peito aberto, de igual pra igual, com destemor e companheirismo.
Quem não ama a si mesma não ama ninguém, pois só sabe estabelecer relações de inferioridade e superioridade, dominação e submissão.
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Se a pessoa-que-não-se-ama se acha tão inferior, ruim, inadequada ao ponto de nem mesmo se amar, e se ela ama outra pessoa, ou seja, se acha que essa outra pessoa é tudo o que ela não é, superior, melhor, adequada...
Não tem como ser uma relação de igualdade, pois a pessoa-que-não-se-ama já chega no relacionamento se colocando em posição subalterna a essa outra que, ao contrário de si mesma, ela acha que, sim, merece ser amada.
Se eu não acho que mereço ser amada, mas amo alguém que acho que, sim, essa pessoa sim, merece ser amada, como eu não me colocaria em posição inferior a ela?
Como pode ser verdadeiro, igualitário, companheiro um amor assim subserviente?
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Pergunta:
"Mas se amar, ou se amar demais, não é narcisismo e autocentramento?"
Sim. A solução não é fazermos o caminho inverso e chafurdarmos no autoamor exagerado.
A pessoa que se odeia e a pessoa apaixonada pelo próprio reflexo são duas faces do mesmíssimo narcisismo autocentrado.
Se amar demais, ou se amar de menos, são duas prisões que nos mantém sempre olhando para nosso próprio umbigo e tratando as relações humanas como se fossem uma contabilidade onde as entradas precisam bater com as saídas.
O caminho é desapegar desse Eu.
Não precisamos ficar tabulando nossos merecimentos para calcular se somos mais ou menos merecedoras.
Ninguém é nem melhor, nem pior; nem mais, nem menos merecedora de amor. Todas as pessoas são merecedoras. Todas nós apenas somos.
Só seremos livres para de fato enxergar as pessoas a nossa volta e amar sem barreiras quando nosso Eu deixar de ser uma questão tão absorvente.
Só dá pra amar de verdade desapegando da Prisão Eu.
Texto completo: Prisão Eu.
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Pergunta:
"O que é pra você 'amar a si mesma'?"
Imagina se vou ser juiz de um negócio desses! Aceito a autodeclaração das pessoas. Se ela diz que se ama, acredito. Se diz que não, acredito também.
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Apoia-se, novo espaço de mecenato
Lá em 2009, muito antes de existirem sites de financiamento coletivo (o Patreon é de 2013!), eu fiz um financiamento coletivo no braço para meu romance Mulher de Um Homem Só, inspirado nas práticas editoriais do século XIX e usando o PagSeguro – que, na época, era o único jeito de receber pagamentos. Fez tanto sucesso que comecei a pedir contribuições para as Mecenas e, assim, ganhei a vida nos últimos dez anos. Vi surgirem uma a uma todas as plataformas brasileiras, considerei migrar para todas elas, mas sempre pensei: já tenho todas as minhas Mecenas fazendo pagamentos recorrentes pelo PagSeguro, não vale a pena mudar.
Mas quem mudou foi o Brasil mudou: com o aumento da crise, as 800 mecenas foram sumindo aos poucos, até que o Pix deu o golpe de misericórdia no PagSeguro. Não tinha mais porque alguém fazer um pagamento pelo PagSeguro quando o Pix era mais fácil e mais rápido. E o Pix não tem pagamento recorrente: as pessoas fazem uma vez e esquecem. Assim, a crise me pegou também: em setembro de 2022, pela primeira vez desde dezembro de 2012, raspei o tacho das minhas economias e minha conta bancária foi a zero. (Antes disso, a última vez que eu tinha ido a zero tinha sido 2002: claramente, anos terminados em 2 são meus resets financeiros.)
E, enfim, aqui estou eu buscando por novas maneiras de ganhar a vida com a minha arte, da maneira menos capitalista e canalha possível.
A ideia do novo espaço de mecenato no Apoia-se é:
Criar uma comunidade mais próxima, de encontros, de conversas, de vídeos;
Publicar textos mais pessoais, rascunhados, incipientes;
Testar primeiras versões de contos e romances;
Promover bate-papos mais livres no Whatsapp e no Zoom;
Compartilhar minhas leituras e meus interesses nas formas de aulas mensais;
Proporcionar um ambiente único onde estejam todos os meus cursos.
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Os planos de mecenato
O plano básico, Mecenas TEXTOS (R$19), oferece textos exclusivos, mais pessoais, às vezes rascunhados, e também uma participação maior no meu processo de escritura, com acesso às primeiras versões dos meus textos ficcionais. Além disso, para quem gosta, rola um grupão de Whatsapp para conversarmos livremente todo dia, sobre qualquer coisa. Seu nome vai pra lista de mecenas (se quiser, claro) e você ganha descontos em tudo que eu fizer, cursos, eventos, etc.
O plano Mecenas NÃO-MONOGAMIA (R$39) é bem específico para as pessoas que vinham me pedindo por uma interlocução maior nesse assunto. Ele oferece, além de todas as vantagens do plano anterior, também um grupo de Whatsapp separado somente sobre não-monogamia, para que as pessoas interessadas possam fazer amizades e tirar dúvidas. Uma vez por mês (1º domingo, 17h), teremos um encontrão no Zoom para conversar mais e trocar experiências.
Recomendo o plano intermediário, Mecenas ENCONTROS (R$47), que tenta criar ainda mais espaços de intimidade e interação. Além das vantagens dos planos anteriores, ele inclui um encontro mensal (2ª quarta-feira do mês, 19h), uma conversa de boteco sem assunto definido, só para bater-papo, e também uma aula mensal (última quarta-feira do mês, 19h), sobre literatura ou história, cujo tema será avisado com antecedência, ambos pelo Zoom. É uma maneira de eu compartilhar os meus interesses e minhas leituras de cada mês. (A primeiríssima aula será “Como (des)ler literatura”, no dia 28 de setembro de 2022.)
Por fim, o plano mais abrangente, Mecenas CURSOS (R$88), dá acesso completo a todos os meus cursos online, passados e futuros, enquanto durar o seu apoio: Introdução à Grande Conversa: Um passeio pela história do Ocidente através da literatura (2020), Grande Conversa Brasileira: a ideia de Brasil na literatura (2021) e História do Mundo Enquanto Fofoca (2022), já completos, e os dois cursos ainda em andamento: Grande Conversa Espanhola: do El Cid ao Dom Quixote, a invenção da literatura moderna e Grande Conversa Fundadora: as obras que inventaram as línguas literárias modernas.
Para as pessoas que gostariam de ajudar um pouco mais, o plano Mecenas MIDAS (R$199) oferece literalmente tudo, por um preço um pouco mais generoso, com os meus eternos agradecimentos.
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Dá uma olhada na página de mecenato e me diz o que acha? Eu mudei tudo!
Um grande, grande beijo e muito obrigado,
Alex