Uma playlist de música clássica e instrumental para vocês
E mais: últimas promoções do Prime Day
Gosto de balé, ópera e música clássica não pelo que são, mas pelo que foram.
Quem vê essas formas de arte hoje, tão conservadoras e moribundas, não imagina o impacto cultural de seu vanguardismo. Elas foram o rock, o jazz, o samba do seu tempo. Os grandes compositores clássicos já causaram tanto escândalo quanto os Beatles, Elvis Presley e Louis Armstrong.
Como toda arte revolucionária, foram aburguesadas. Cooptadas pelos cidadãos de bem. Quem te viu, quem te vê.
Hoje, no ocidente, Beethoven é música de elevador, mas suas obras são proibidas no Irã. Claramente, os aiatolás vêem uma força transgressora em Beethoven que nós já não sentimos mais.
(Um artigo interessante no The Telegraph: Why Iran's ban is a tribute to the power of music)
Se você acha música clássica uma coisa difícil, chata, pentelha, tediosa, me faz um favor. Dedique alguns minutos para ouvir as músicas abaixo.
Vamos começar com os mais clássicos dos clássicos, que você já deve ter ouvido pela vida, em comercial de xampu e em elevador lotado. Mas essas músicas não merecem essas indignidades. Ouça de novo agora.
(Link da playlist no YouTube.)
"Ode à Felicidade"
Escrita por Schiller em 1785 e musicada por Beethoven em 1824.
“Carmina Burana”
Outra que é porrada pura, uma cantata medieval musicada por Carl Orff em 1937.
Na 19ª aula da Grande Conversa Medieval, vamos ler as poesias (maravilhosas, sacanas, divertidíssimas) que estão sendo cantadas na Carmina Burana.
“Troika”
Composta peelo russo Sergei Prokofiev em 1934, foi usada no filme “A Última Noite de Bóris Grushenko” (1975), de Woody Allen. É de Prokofiev também a trilha sonora do desenho da Disney, “Pedro e o Lobo” (1946).
“Trio para Piano em Lá menor, Opus 50”
Talvez a minha música preferida de todos os tempos. De Tchaicovski, foi composta em 1882, em memória a um grande amigo que acabara de falecer. É a música mais triste jamais escrita.
"Trenzinho caipira"
E quem disse que música clássica tem que ser alemã, francesa, européia? A minha favorita nacional é a manjadérrima, mas nem por isso menos linda, “Trenzinho Caipira”, de Villa-Lobos. Veja como ele está, ao mesmo tempo, firmemente inserido na tradição acima mas também traz um frescor e uma originalidade tipicamente brasileiros.
“Tocata e Fuga em D Menor”
Também mostrando o dinamismo e as possibilidades contemporâneas da música clássica mais clássica, eis aqui uma versão remixada eletrônica de hiper-canônica “Tocata e Fuga em D Menor” (c.XVIII), geralmente atribuída a Bach, meu compositor favorito. Reparem como dá pra pirar na música.
"Bolerish"
No passado, os compositores de música clássica, balé e ópera eram como os músicos de trilha sonora hoje em dia: compunham pensando na ação, na trama, na narrativa. Por causa disso, muitos dos grandes músicos do futuro, ainda esnobados hoje em dia, vão sair dos filmes e da TV.
Por exemplo, a sequência de abertura do maravilhoso filme “Femme Fatale” (2002), de Brian de Palma, traz uma maravilhosa releitura, de 13 minutos, do clássico “Bolero” (1928) de Ravel. Como o “Bolero” todo mundo já conhece, apresento vocês ao “Bolero” do século XXI: “Bolerish”, de Ryuichi Sakamoto.
"The Gael" (1990)
Uma das minhas trilhas sonoras favoritas é a do filme “O Último dos Moicanos” (1992), de Michael Mann — também meu filme de guerra favorito, aliás. Com vocês, o tema principal, composto pelo escocês Dougie MacLean.
"Passacaglia"
Nenhum seriado teve uma trilha sonora melhor, mais sofisticada, mais impactante do que o novo “Battlestar Galactica” (2004-2009), composta por Bear McCreary. Abaixo, vai só a minha favorita, “Passacaglia”, da primeira temporada, simplesmente linda, rica, tristíssima, cheia de possibilidades.
"Ashokan Farewell"
Quando saiu a série-documentário Civil war, de Ken Burns, em 1990, uma das maiores surpresas foi a trilha sonora, em especial uma música tristíssima que tocou nada menos que 25 vezes ao longo dos 9 episódios. Para muitas pessoas, essa música se transformou em um símbolo mesmo do trauma gerado por essa guerra. Ironicamente, é a única música contemporânea do documentário, tendo sido composta em 1982, apenas oito anos antes. Com vocês, “Ashokan farewell”, interpretada por seus criadores.
"Adiós, nonino"
Por fim, abrindo um pouco o leque, e ainda falando de despedidas, a maravilhosa, magnífica música que Astor Piazzola compôs em 1959 para se despedir do pai: “Adiós, nonino”, interpretada pelo próprio.
(Link da playlist no YouTube.)
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Talvez Marcus Viana mereça figurar nessa lista com sua música descritiva de Pantanal, ainda que seja música contemporânea.
https://youtu.be/pOhs2MjyrmM