Se você acha que manda mal e que todos os seus planos vão dar errado, você (provavelmente) está certa, mas (provavelmente) tem depressão.
Se você acha que manda bem e que todos os seus planos vão dar certo, você (provavelmente) está errada, mas (provavelmente) é o que chamamos de pessoa mentalmente sã.
Se essa não é a grande tragédia humana, não sei o que é.
(Sempre quero saber a sua opinião sobre meus textos. Se recebeu por email, é só responder; se está lendo no site, comentar. Alguns links levam à Amazon BR: comprando lá, eu ganho uma comissão e você apoia o meu trabalho.)
* * *
Estudos indicam que pessoas diagnosticadas com depressão tem uma percepção mais exata de suas habilidades e de suas possibilidades.
Como se mede? Você propõe às participantes uma tarefa cuja performance é mensurável e, antes, pergunta como estimam que se sairão, e, depois, como estimam que se saíram.
Pessoas diagnosticadas com depressão se aproximaram mais de seus valores reais: as ditas “normais” chutavam sempre grotescamente pra cima.
(Existem teorias de que um estado de otimismo irreal seria selecionado pela evolução: que, em um contexto pré-histórico, pessoas que superestimavam a si mesmas e às suas possibilidades deixariam mais descendência.)
* * *
Ser mentalmente sadio, ou seja, ser "normal", seria um estado de otimismo ilusório, exaltado onde superestimaríamos nossas habilidades e as chances de nossos projetos se realizarem.
Ou, quem sabe, virando a questão ao avesso, talvez "depressão" seja um conceito inventado por pessoas alucinadamente anormais e enlouquecidamente otimistas...
...para normalizar a si mesmas e para rotular as pessoas que tinham uma percepção mais objetiva e realista da realidade como “anormais”.
(Esse livro de Andrew Solomon é muito melhor, mais empático, mais político, mais engajado, mais informativo, do que qualquer uma de nós tem direito de esperar que qualquer livro seja. Mudou minha vida. Me ensinou um olhar. Me ofereceu ferramentas. Recomendo.)
* * *
Mais informações no verbete da Wikipédia (em inglês) sobre "realismo depressivo".
* * *
Se meus textos tiveram impacto em você, se usa meus argumentos para ganhar discussões, se minhas ideias adicionaram valor à sua vida, por favor, considere fazer uma contribuição do tamanho desse valor.
Assim, você estará me dando a possibilidade de criar novos textos, produzir novos argumentos, inventar novas ideias.
Pix: eu@alexcastro.com.br
(Se pagar por Pix, não esquece de me mandar seu nome completo e email, para entrar na lista das mecenas.)
Um beijo enlouquecido,
do Alex Castro
Como sempre, um texto muito bom. Acho que temos também um estado intermediário, onde o observador percebe com realismo a existência sem cair no otimismo exacerbado ou na depressão.