Grande Sertão: Veredas, um romance perfeito
Todo grande romance é cósmico: ele parte da especificidade das situações cotidianas e, a partir delas, abraça a totalidade da existência.
O Brasil acrescentou alguns poucos grandes textos à literatura mundial: além dos contos de Machado, também A hora da estrela e, especialmente, Água viva, de Clarice Lispector, e, na não-ficção, Pedagogia do oprimido, de Paulo Freire, Casa grande & senzala, de Gilberto Freyre, Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, Os sertões, de Euclides da Cunha, Cemitério dos vivos, de Lima Barreto. Todos esses são, em alguma medida, indispensáveis para mim. Cada um, a sua maneira, com seus limites e suas grandezas, é uma obra-prima.
Mas se eu, hoje, tivesse que escolher um, seria Grande Sertão: Veredas.
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Ah, Grande Sertão: Veredas, edição da Companhia das Letras, está saindo com 50% de desconto.
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Guimarães Rosa dedicou dez anos à escrita de Grande Sertão: Veredas. Quase no final, sofreu um pequeno infarto mas se recuperou e ainda viveu uma década. Nunca mais, entretanto, empreendeu outra obra de vulto. Tinha medo de não conseguir terminá-la. Passou seus últimos dez anos escrevendo os textos curtos, às vezes curtíssimos, de Primeiras estórias, Tutaméia, Estas estórias e Ave, palavra.
Esses livros têm a sua importância, naturalmente. Rosa era um grande autor. Mas não consigo deixar de considerá-los um desperdício: eles têm a mesma linguagem única e apaixonante de Grande Sertão: Veredas e nada de sua grandeza épica. Em Grande Sertão: Veredas, Rosa se dispôs a caçar um mamute. Depois, se satisfez caçando codornas com estilingue. Codornas deliciosas, mas codornas.
Quando foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, adiou seu discurso de aceitação por anos, porque tinha um medo irracional de que morreria logo depois. Finalmente, não dava mais pra adiar: fez o discurso. Morreu três dias depois.
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Acabei de reler Grande Sertão: Veredas. Minha impressão hoje, agora, no calor do momento, 100% pessoal e no improviso, de supetão e sem revisão, é que é o melhor romance de todos os tempos, ponto. Tenho receio de afirmar isso, mesmo que só pra mim, por medo de ser puro bairrismo.
Ele já está há décadas no meu seleto top 6 de romances perfeitos. No meu curso Grande Conversa Romance, que começa em agosto, leremos todos (entre parênteses, por qual o desconto o livro está saindo no Prime Day hoje):
Moby Dick (EUA, 1851), de Herman Melville (45% off)
Os Miseráveis (França, 1862), de Victor Hugo (50% off)
Guerra e Paz (Rússia, 1867), de Liev Tolstoi (30% off)
Grande Sertão: Veredas (Brasil, 1956), de João Guimarães Rosa (50% off)
Cem Anos de Solidão (Colômbia, 1967), de Gabriel Garcia Márquez (45% off)
Tetralogia napolitana (Itália, 2015), de Elena Ferrante (45% off)
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Mas será que Grande Sertão: Veredas é o melhor?
Em meu texto sobre os meus dez romances preferidos, eu explico que, pra mim, todo grande romance é cósmico: ele parte da especificidade das situações cotidianas e, a partir delas, abraça a totalidade da existência.
Vamos a isso.
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A monumentalidade da floresta
Apesar de considerar esses romances perfeitos, eles todos (claro!) têm seus erros, tropeços, falhas.
Tolstoi, por exemplo, completamente desinfla o final de Guerra e Paz — o fato de colocar a sua grande digressão no fim e não no meio, como Hugo, faz com que um romance quase perfeito acabe num decepcionante anticlímax. (Fiquei o tempo todo pensando: “Péra, já acabou? Sério? Ele não vai mesmo retomar? Agora é só isso até o fim? Velho filha da puta!”)
Moby Dick tem certamente o melhor final de qualquer romance, uma progressão sensacional de um crescendo sem igual, implacável e inexorável… mas, antes disso, vamos combinar, tem muitos, muitos trechos sofridos.
(Minha esposa acha que cada vírgula em Moby Dick é perfeita, então o parágrafo acima vai causar problemas conjugais aqui em casa, só pra vocês saberem.)
Hugo, a gente sabe, se perde mil vezes em Os Miseráveis: o romance é como uma catedral gótica, imponente pelo inacreditável, inconcebível, maravilhoso empilhamento de belezas, mas cheio de probleminhas pontuais. Notre-dame de Paris provavelmente é um romance mais perfeito, talvez até melhor, que Os Miseráveis, somente menos amplo.
(Um textinho meu sobre Os Miseráveis, escrito para o curso Introdução à Grande Conversa.)
De todos esses, Cem Anos de Solidão foi o que li por último há mais tempo (1996, contra Moby Dick, em 2004; Guerra e Paz, 2017; Os Miseráveis, 2020) e preciso reler com olhos de adulto pra poder falar mais dele. Na época, a única coisa que realmente me incomodou foi uma certa condescendência típica de intelectual urbano ateu de esquerda escrevendo, de cima pra baixo, sobre as crenças das pessoas que, para ele, são “primitivas”, que acreditam nessas crendices que ele (claro!) não acredita mais.
(Rosa e Lispector, ao instituir os “observadores dotôres”, seja o interlocutor invisível em Grande Sertão: Veredas, seja Rodrigo S.M. em A Hora da Estrela, conseguem colocar esse olhar condescendente do intelectual dentro da história — ao invés de flutuando superior — e, ao fazer isso, o problematizam, o questionam, e resolvem, pelo menos pra mim, o que tanto em incomodou em Garcia Marquez.)
Voltando à monumentalidade.
Grande Sertão: Veredas, apesar de ser também tão monumental quanto os outros do top6, se perde muito menos. Mire e veja: nenhum problema se perder ou ter momentos tediosos. Se ler um livro monumental desses é como domar um potro xucro (às vezes, ele escapa), imagina escrever!
Então, Grande Sertão: Veredas não tem as longas digressões que quebram o meio de Os Miseráveis e emporcalham o fim de Guerra e Paz, assim como não tem as partes longas e tediosas de Moby Dick. E o final é quase tão perfeito, tão bem preparado, tão apocalíptico, quanto o desse último.
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A pessoalidade das folhas
Onde, então, Grande Sertão: Veredas perde?
Para Moby Dick, perde no quesito “melhor final”, como dito.
Na verdade, só tem um critério, pra mim fundamental mas difícil de definir, no qual Grande Sertão: Veredas perde de todos no top6: amplidão. Amplidão de pessoas, sabe? Fofoca de gente humana.
Grande Sertão: Veredas é um mundo, mas é um mundo habitado pela língua portuguesa tal como reinventada por Riobaldo e um mundo habitado pela natureza sem fim das Gerais, mas é um mundo com muito poucas pessoas de verdade.
Mire e veja: o livro tem poucos personagens de fato. Fechamos o romance e, claro, conhecemos bem Riobaldo e… mais quem? Diadorim nós conhecemos tanto quanto Capitu: muito pouco, e através de lentes extremamente distorcidas. Quem mais seria personagem no livro? Talvez só Zé Bebelo.
(O momento em que os personagens aparecem mais individuados é no julgamento de Zé Bebelo que, não por acaso, é o ponto alto de Grande Sertão: Veredas, a nossa Orestéia.)
Eu meio que não ligo pra natureza (mal aí, plantinhas) e, se gosto de línguas, é porque língua é produto de gente, de infinitas pessoas, ao longo de milênios e milênios, usando livremente esses maravilhosos brinquedos para nascer e viver, amar e morrer.
Porque o que eu gosto mesmo é de gente. Literatura é isso: um jeito meio trabalhoso, às vezes pernóstico, que os maiores fofoqueiros da humanidade inventaram pra fazer da fofoca algo respeitável e respeitado.
Grande Sertão: Veredas é cheio de personagens menores fascinantes, mas não sinto que ficaram em mim, não sinto que Rosa fez eu me importar com eles. (Talvez só Maria Mutema.) Tem guerreiros que apareceram por cinco linhas na Ilíada, e só pra morrer!, e me parecem são mais vivos.
(“Então Diomedes, excelente em auxílio, abateu Axilo,
filho de Teutrante, que habitava a bem construída Arisbe,
homem rico em sustento, estimado por todos os homens;
15 a todos dera hospitalidade, pois vivia perto da estrada.
Mas naquele momento nenhum desses afastou a triste desgraça,
em combate contra os inimigos; mas a ambos privou da vida,
ao próprio Axilo e a Calésio, seu escudeiro, que naquele dia
era auriga de seu carro; e ambos passaram para debaixo da terra.”
VI, 12-19, trad. Frederico Lourenço.)
Nada contra um livro não ter muitos personagens, ou ser um estudo sobre só um personagem.
O que estou dizendo é que eu, um dos meus critérios pessoais para um romance ser um dos meus preferidos, é essa amplidão humana, esse gigantesco painel de pessoas de todo tipo.
Tem um velho doido que acompanhou Pierre em seu cativeiro francês que eu nunca lembro o nome, mas está sempre comigo. Não tem um dia em que eu não compare alguma pessoa com quem estou falando a Jean Valjean ou a Javert, aos Thenardier ou aos revolucionários mortos por uma causa perdida. Quando vou fazer algo temerário, posso sentir toda a tripulação do Pequod me cercando mentalmente e dizendo: “calma, nego, vai dar ruim.”
(Não consegui não pesquisar o nome do meu personagem preferido de Guerra e Paz. É um camponês chamado Platão (como o filósofo) Karataiev, que aparece no Tomo 4, primeira parte, capítulo XII. Ele é, ao mesmo tempo, um camponês altamente estilizado, a ideia que um nobre como Tolstoi faria de um camponês perfeito, mas também, por um desses paradoxos que só Tolstoi era capaz, tão impossivelmente humano. Fazendo a busca pelo nome dele, descobri que tem um quarteto húngaro que se autobatizou em sua homenagem e, olha, gostei da música deles. Vejam vocês onde Grande Sertão: Veredas me levou nessa manhã de 16 de julho de 2025 no no Rio de Janeiro: agora estou ouvindo Platon Karataev)
Hoje, hoje mesmo, escrevi e apaguei uns 5 tuítes criticando alguém, porque pensei “quero fazer desse bosta minha baleia branca?” (Esse último exemplo eu nem citaria, porque não precisa ter lido o livro para ter essa referência, mas é que foi hoje.)
Me ficou a impressão que Grande Sertão: Veredas tenta abarcar as grandes questões humanas (violência, amor, destino) ao custo de não ver, ou não ver de verdade, ou não ver a fundo, as pequeninas pessoas — por querer abarcar a amplidão da floresta, não viu a multiplicidade das folhinhas.
Mas Tolstoi, Hugo e Melville nos ensinam justamente (e, por isso, são grandes mestres) que dá pra fazer as duas coisas.
Aliás, não só dá pra fazer, mas dá pra fazer de baixo pra cima: você considera, você enxerga tantas mas tantas folhas que, no fim, constroi sua própria floresta.
Ou seja, como diria Riobaldo, a literatura é um fazer.
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No meio do caminho, tinha um aviso
Atenção: não estou dizendo que Grande Sertão: Veredas não tem bons personagens, ou personagens memoráveis, etc etc. Seria um absurdo. Estou falando que, em comparação a esses outros do meu top6, que são os romances mais perfeitos da humanidade, na minha opinião, Grande Sertão: Veredas tem menos personagens, etc.
Para todos os fins e efeitos, considero esses 6 romances perfeitos: tudo o que estou falando aqui que pode soar crítica só é crítica na comparação entre eles.
Um atleta que corra os cem metros rasos em 5 décimos de segundo a mais que o Usain Bolt já não é um dos homens mais rápidos do mundo, mas certamente é mais rápido que todas nós, várias vezes. Não é um cara lento.
Assim como, digamos, Guerra e Paz não tem um final ruim, mas sim um final que não está à altura da excelência do romance como um todo.
(Em tempo, ainda no assunto aviso: os números do exemplo do Usain Bolt foram claramente inventados aleatoriamente. Por favor, não seja a pessoa que vai desmascarar a própria chatice vindo aqui dizer o tempo exato que é necessário para alguém perder para o Bolt e ainda assim ser um atleta de alta performance etc etc. Se eu considerasse isso minimamente importante, ou se fosse relevante para o meu exemplo, eu mesmo teria descoberto em 3 segundos no Google, mais rápido do que demorei pra escrever esse aviso anti-chato. Pelo amor do bom Deus, não sejam essa pessoa por aí.)
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O estilo do vento
Se vamos manter a metáfora, que eu nem sabia pra onde ia quando comecei!, ou seja, se a floresta são os grandes temas, se as folhas são as pessoas humanas, então o estilo seria o quê? O vento que corre entre as folhas e balança a floresta? A floresta e as folhas são belas mesmo sem vento? Claro que sim. São ainda mais belas, mais vivas, mais sedutoras com o vento soprando por entre elas? Sempre.
Então, se Grande Sertão: Veredas tira a pior nota dos 6 em um critério importante (amplidão humana?), ele tira a melhor nota possível em outro critério essencial que eu também não saberia definir… Ambição linguística? Prosa poética? Invencionice vocabular? Estilo do vento?
Mas, enfim, resta o fato de que considero que a literatura é feita de língua e a língua precisa apanhar todo dia pra saber quem manda (obrigado, Veríssimo): ela precisa ser amada e mimada, puxada e empurrada, liberada e domesticada, exaltada e contida, reprimida e esticada, derramada e moldada, tudo isso, o tempo todo. Cada artista tem o seu material, os bloquinhos de Lego que usa para construir sua visão: na literatura, nossos bloquinhos são as palavras, os fonemas, a própria língua que usamos.
(Como tudo nesse texto, mais uma vez, essa é a minha leitura muito pessoal, etc etc.)
Nesse aspecto, naturalmente, Grande Sertão: Veredas ganha por WO. Os outros nem mesmo tentam, ou tentam muito timidamente. Via de regra, todos os livros realmente inovadores em estilo, que tentam buscar o limite de suas línguas e esticá-los, tendem a ser curtos, e só podem ser realmente apreciados no original. Quase sempre, monumentalidade na visão e originalidade no estilo não caminham juntos.
O melhor exemplo brasileiro é Água Viva, da Lispector, que mal tem 100 páginas e seria intolerável mais longo. Hoje em dia, quem melhor faz isso com a língua portuguesa não está no Brasil: são Lobo Antunes, em Portugal, e Mia Couto, em Moçambique, e considero que são infinitamente mais bem-sucedidos em seus textos curtos do que nos romances longos.
Um raro livro que claramente tem a ambição de tentar abarcar a totalidade do mundo e da existência, a intenção de ser inovador no estilo, e, ainda por cima, a audácia de ser longo, é Os Passos Perdidos, de Carpentier, que li há pouco tempo e não me sai da cabeça. Mas, como seu contemporâneo Grande Sertão: Veredas (um é de 1953, outro, de 1956), seu ponto mais fraco é na amplidão humana: não me saem da cabeça as questões que o romance coloca, tudo o que me ensinou sobre o lugar problemático na América Latina dentro da cultura ocidental, assim como a fantasmagoria de suas inigualáveis descrições da natureza amazônica … mas não as personagens em si, que não me pareceram particularmente lembráveis.
Não por acaso, Rosa e Carpentier são autores celebrados merecidamente em suas próprias línguas nacionais, mas cuja força, em larga medida, se perde na tradução — Rosa bem mais que Carpentier.
(Um texto muito interessante sobre o fracasso da tradução de Os Passos Perdidos para o inglês, e que diz muito sobre como deve ter sido o processo de Grande Sertão: Veredas também.)
Nas décadas de 1950 e 1960, vivia-se, no cenário da literatura ocidental, o que se chamou de “boom latinoamericano”. Foi quando estouraram para o mundo autores como Cortazar, Garcia Marquez, Vargas Llosa. É nesse cenário que são lançados Os Passos Perdidos, em 1953, e Grande Sertão: Veredas, em 1956. Nos EUA, apostando no boom, ambos são lançados pela mesma editora, Knopf, traduzidos pelas mesmas pessoas… e sofrem o mesmo fracasso comercial.
Se quisermos saber como seria Grande Sertão: Veredas sem a voz única de Riobaldo (como seria Riobaldo sem a voz de Riobaldo!), é só ler essa tradução.
Enfim, se a pior omissão de Grande Sertão: Veredas, em comparação ao resto do meu top6, é a relativa falta de fofoca humana, o romance mais do que compensa pela exuberância vocabular. Por mostrar que a língua, mais especificamente essa língua portuguesa, essa linguinha periférica que nós usamos pra pedir café no boteco e falar putaria na cama, pode ser, em si mesma, arte; pode ser, em si mesma, talvez a personagem mais importante da história.
Pode ser, no futuro longínquo, quando o português for língua morta, quando já não tiver pessoa humana que sussurre sem-vergonhice em português no ouvido de outra, que ainda existam pessoas aprendendo e lendo português… só para poder apreciar Grande Sertão: Veredas no original.
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Então, ó, sei lá, mas escrevi e escrevi e escrevi, são uma da tarde e estou escrevendo desde oito da manhã, pensei e comparei, me justifiquei e me expliquei, mas hoje, na empolgação de ter terminado a terceira leitura de Grande Sertão: Veredas (as anteriores foram em 1998 e em 2016), estou super achando, sim!, que talvez seja o romance perfeito. Melhor que Moby Dick. Melhor que Os Miseráveis. Melhor que Guerra e Paz. Melhor que Cem Anos de Solidão.
E cerro aqui, mire e veja. Fica aí essa bomba, vocês que lutem. Travessia.
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Prime Day
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Abaixo, alguns livros que recomendo muito com descontos grandes:
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Box com 4 livros do Camus, com 50% de desconto.
Box com 3 livros do Garcia Marquez, inclusive Cem anos de solidão, leitura do curso Grande Conversa Romance.
Excelente edição do Conde de Monte Cristo, na coleção Clássicos Comentados da Zahar (adoro!) com 45% de desconto.
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(Visitei a página de super promoções da Amazon pra vocês não terem esse trabalho. Só livros físicos que li e recomendo, com descontos enormes, em ordem do maior para menor desconto. Clicando nos links e comprando qualquer coisa na Amazon -- não precisa ter sido o item no qual clicou -- eu ganho uma comissão, você apoia meu trabalho e fico muito grato. Sintam-se à vontade para comentar as obras: já leu? gostou? etc. Todas as promoções são, por sua própria natureza, por tempo limitado e não sei quando terminam. Se você chegar lá e o desconto não estiver valendo, é porque acabou. Puff. Perdeu. Não adianta vir falar comigo, não tem nada que eu possa fazer. Não mando na Amazon. Da próxima vez, corra!)
Marco Polo & outros grandes viajantes
Muitas pessoas imaginam que a Idade Média era uma época tacanha, fechada em si mesma e desinteressada do mundo exterior.
Por isso, o impulso expansivo e viajante das Grandes Navegações, de Cristóvão Colombo (1451-1506) e de Pedro Álvares Cabral (1467-1520), seria um dos marcos do final desse período e do começo do Renascimento.
Mas, na verdade, esse impulso era em larga medida medieval: Colombo (nossa leitura da 22ª aula do curso Grande Conversa Medieval) chegou nas Américas com uma cópia do Livro das Maravilhas de Marco Polo (1254-1324) toda marcada e sublinhada.
Nossa leitura principal para a próxima aula da Grande Conversa Medieval será exatamente essa obra que, apesar do título, é o relato sóbrio e objetivo (na medida do possível!) de um mercador eminentemente prático rodando a Ásia e procurando por oportunidades de negócios.
Nossa outra leitura será o relato de um viajante menos famoso, mas não menos importante: entre 1325 e 1353, o marroquino Ibn Battuta (1304-77) percorreu 120 mil quilômetros do mundo muçulmano, incluindo Espanha, e também África, Índia, Sudeste Asiático e até da China.
Por fim, para quem quiser, sugiro a leitura de uma pequena obra-prima do século XX, Cidades invisíveis, inspirada pelos relatos de Marco Polo.
É uma reescritura de Marco Polo, só que infinitamente melhor. Eu diria que Cidades invisíveis é o que esperaríamos que Marco Polo fosse, mas não é. Além de estar saindo com 45% de desconto só hoje, no Prime Day da Amazon, também é uma das poucas obras do nosso curso disponível em áudiolivro em português.
Nas palavras de seu autor, Ítalo Calvino (1923-85):
“[É o livro] em que penso haver dito mais coisas, será talvez porque tenha conseguido concentrar em um único símbolo todas as minhas reflexões, experiências e conjeturas.”
Leitura principal:
— Livro das Maravilhas, Marco Polo (c.1300, Itália)
— Viagens de Ibn Battuta (c.1354, Marrocos)
Apoio:
— Cidades invisíveis, Calvino (1972, Itália)
A aula acontece na quarta que vem, 16 de julho, às 19h. Não deixem de vir.