Escravistas & escravizados
Maria Firmina dos Reis, Castro Alves, Joaquim Nabuco, Machado de Assis & Gilberto Freyre
Acontece quinta agora, 6 de maio, às 19h, a segunda aula do meu curso A Grande Conversa Brasileira. O tema é Escravistas & escravizados.
O curso é pago (ofereço bolsas), mas os roteiros das aulas — que basicamente cobrem tudo o que eu vou falar — são disponibilizados gratuitamente em meu site.
Já estão no ar os Guias de Leitura para a segunda aula, que convido vocês a lerem. Cada link abaixo remete a um texto diferente. Adoraria saber suas opiniões — basta responder esse email.
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A ausência da escravidão na literatura brasileira
Existe uma gigantesca lacuna na literatura oitocentista brasileira, uma ausência tão grande e tão inesperada que chama atenção: apesar de termos sido a maior economia escravista de todos os tempos, os dramas humanos inerentes à escravidão simplesmente não aparecem na literatura do período. Foram sim escritas muitas obras, poemas e peças, contos e romances, que encararam de frente os horrores e dramas, os dilemas e os paradoxos de uma monarquia ocidental escravista em pleno século XIX, mas, tanto antes quanto depois da Abolição, essas obras foram sistematicamente desvalorizadas, esquecidas, descanonizadas. (Leia mais.)
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A escravidão, esquecida: “Mariana”, de Machado de Assis
A escravizada Mariana, protagonista do conto homônimo de Machado de Assis, criada no auge da campanha abolicionista, prontamente esquecida por seu criador e somente recuperada em meados do século XX, poderia formar um paralelo revelador com a própria escravidão, tema de debates polêmicos em sua época, prontamente esquecida por seus defensores e opositores assim que abolida e somente recuperada em sua importância histórica no século seguinte. (Leia mais.)
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Joaquim Nabuco em Massangana: um abolicionista nostálgico pela escravidão
Ao longo de todo o século XIX, a escravidão foi a grande vergonha nacional. Assim que é abolida, não há nada que nossa elite quer mais do que esquecer que ela jamais existiu. Entre a Abolição (1888) e o lançamento de Casa Grande & Senzala (1933), a escravidão praticamente desaparece da Grande Conversa Brasileira. Ninguém simboliza, representa, encarna esse processo melhor do que Joaquim Nabuco: ele foi, ao mesmo tempo, o maior inimigo da escravidão brasileira e, também, o primeiro a esquecer que ela jamais existiu. (Leia mais.)
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Casa-grande & senzala, de Gilberto Freyre
Poucos livros foram tão influentes, tão impactantes, tão polêmicos. Ele pode e deve ser criticado, mas sua maior contribuição foi justamente ter recolocado a escravidão no centro do pensamento nacional: depois de Casa Grande & Senzala, nunca mais será possível entender o Brasil que não a partir do fato central de termos sido a maior civilização escravista do mundo moderno. (Leia mais.)
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Gilberto Freyre, historiador
Gilberto Freyre não era e não se considerava historiador, mas usava uma abordagem histórica para explicar problemáticas sociológicas. Ele estuda seu objeto de dentro, colocando-se ele mesmo como parte do objeto de análise: ele se faz personagem de seu próprio livro. (Leia mais.)
Democracia racial e homem cordial, dois meta-mitos
Dois espectros rondam as ciências sociais brasileiras: a “democracia racial” e o “homem cordial”. Quem os critica se refere a eles, sempre desdenhosamente, como “mitos”: “o mito da democracia racial”, “o mito do homem cordial”. Mas, na verdade, são meta-mitos, ou seja, é um mito que sejam mitos, são mitos que jamais foram mitos. No texto abaixo, tentarei desmascarar não o “mito da democracia racial” mas sim o “mito do mito da democracia racial”; não o “mito do homem cordial”, mas sim o “mito do mito do homem cordial”. (Leia mais.)
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Castro Alves
Para muitas gerações de brasileiros, Castro Alves é o “poeta dos escravos”. Seu poema “O Navio-Negreiro” é um dos mais citados e antologizados de nossa literatura. Na tradição literária brasileira, praticamente livre de pessoas protagonistas negras, onde as pessoas escravizadas são em geral retratadas somente em papéis coadjuvantes e chapados, sem profundidade e sem humanidade, Castro Alves apresenta-se como uma conspícua exceção. Apesar de alguns excessos juvenis (tinha apenas vinte e quatro anos ao morrer), o poeta consegue unir o lírico ao social e cria uma poesia ao mesmo tempo romântica e politicamente contundente: pela primeira vez no Brasil, as pessoas escravizadas são vistas como indivíduos, com problemas existenciais e vidas privadas intensas, capazes de amar e de odiar, de perdoar e de se vingar. (Leia mais.)
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Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Úrsula, no Brasil de 1859, era absolutamente revolucionário e subversivo, e teria sido impossível de publicar, se não estivesse literalmente escondido sob dezenas e mais dezenas de páginas da narrativa romântica mais convencional que se poderia conceber. É como se todo esse romance romântico fosse somente um subterfúgio para comunicar um conto, transmitir uma noveleta sobre a escravidão. Como se os lugares-comuns de Úrsula e Tancredo fossem o preço que tivéssemos que pagar, quase que um ritual de passagem, para termos acesso às verdades profundas sobre o Brasil, sobre a escravidão, sobre nós mesmas, que Susana e Túlio nos ensinam, nos demonstram. Um romance-camuflagem, um romance-desafio. (Leia mais.)
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Esse texto faz parte dos guias de leitura para a segunda aula, Escravistas & escravizados, do meu curso A Grande Conversa, a ideia de Brasil na literatura. Esses guias são escritos especialmente para as pessoas alunas, para responder suas dúvidas e ajudar em suas leituras. Entretanto, como acredito que o conhecimento deve ser sempre aberto e que esses textos podem ajudar outras pessoas, também faço questão de também publicá-los aqui no site. Todos os guias de leitura das aulas estão aqui. O curso começou no dia 1º de abril de 2021 — quem se inscrever depois dessa data terá acesso aos vídeos das aulas anteriores.
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