Aqui vão, em ordem cronológica, meus 10 livros favoritos, de qualquer área, assunto, época, língua, gênero.
6 de poesia, 1 de história, 2 romances. 2 em português, 2 em inglês, 2 em espanhol. Só o século XIX aparece com mais de uma obra. E os seus? Me conta nos comentários?
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Meus dez livros favoritos
1. Uma antologia de mil anos de poesia, história, fábula, conto, épica. Sexo, morte, genocídio, romance polícial, conto de terror, tem de tudo. Um livro simplesmente sem fim, que nunca cansa de nos apresentar maravilhas e horrores. (Adoro essa edição aqui: tradução idiomática, as melhores notas explicativas; mas, quando quero ler por prazer, leio em voz alta essa tradução deliciosa.)
2. O maior poema épico de todos os tempos. Belíssimo, duríssimo, perfeito. O template do qual saiu toda a melhor literatura ocidental. Como pode um texto tão longo não ter uma gota de sentimentalismo barato? (Em português, recomendo essa tradução; minha tradução preferida, ao inglês, é essa aqui, um monumento da língua inglesa por si só. )
3. O texto literário mais antigo que consigo ler no original. Um poema épico emocionante, apesar de ser o exato oposto do anterior: onde o outro exalta a ira e a vingança, esse defende a lei e o comedimento. E, ainda assim, quanta emoção, quanto humor, quantas vozes, quanta variedade! (Minha dissertação de mestrado será traduzi-lo ao português; essa é uma boa edição anotada e acessível.)
4. De todos os livros dessa lista, é o mais fantasioso, o mais leve, o mais divertido. Disse Auerbach: "Todo o espírito da sociedade renascentista está contido nesse livro, cuja leitura é um dos prazeres mais perfeitos que a literatura europeia nos oferece." Uma verdadeira máquina de maravilhar, rir, entreter. Outro livro sem fim, que eu abro em qualquer página e nunca me arrependo. (Acabou de sair a primeira tradução completa ao português brasileiro, simplesmente excelente.)
5. O poema perfeito, escrito pelo Che Guevara da sua época, ao mesmo tempo revolucionário e conservador, didático e carola. O que esse homem fez com a linguagem poética, a densidade de significados dos seus versos, é algo completamente inacreditável. Quanto mais leio, mais descubro: cada verso é um presente infinito. (Essa tradução é o melhor que uma tradução pode ser, o que só faz ressaltar a intraduzibilidade da grande poesia; minha edição preferida, pelas notas sem igual, é essa.)
6. Único caso de livro de História escrito no século XVIII que ainda se lê como livro de História, pela qualidade da pesquisa e pela genialidade dos insights. A história mais interessante do mundo desenrolada por um dos maiores contadores de histórias de todos os tempos não teria como não ser irresistível e sedutora. Impossível parar de ler. (Em português, temos apenas essa tradução resumida, mas que transmite bem a delícia da obra completa; eu leio esse set aqui.)
7. Aparentemente o livro mais bobo dessa lista. Confesso que esnobei por décadas. Mas foi me vencendo aos poucos. Parece açucarado, e é, mas tem profundidades escondidas e súbitas. Oponto de encontro perfeito de séculos de tendências literárias, livro fundador da nossa nacionalidade. Adoro ler, reler, recitar, sentir as sílabas rolando pela língua. (Não tem nenhuma edição que eu realmente goste, essa é a mais recente da melhor editora.)
8. Poema fundacional da nossa latino-americanidade. Perfeita representação literária do nosso paradoxo fundador, fundamental: civilização versus barbárie. Um livro duro, duríssimo, violento, mas também belíssimo, delicioso de cantar e de recitar, ou de ouvir ao som da viola, tomando um mate. (Não tem nenhuma boa tradução brasileira em catálogo; recomendo essa edição, porque essa editora nunca decepciona; minha edição preferida é essa, pelo aparato crítico.)
9. Meu romance preferido. O romance perfeito. Como ser melhor? Como ser mais revolucionário? Como manifestar mais esperança na bondade intrínseca da humanidade ao mesmo tempo em que se não se vira a cara a nenhum de seus horrores? Eu teria dito que esse equilíbrio era impossível se já não tivesse lido e relido tantas vezes. (Essa é uma boa tradução, mas todas são boas: não é um livro difícil de traduzir.)
10. Nosso maior monumento literário. O livro que sozinho já nos justifica como cultura. Um romance ao mesmo tempo regionalista e cósmico, que parte da especificidade das situações cotidianas e, a partir delas, abraça a totalidade da existência. Nossa obra intraduzível. Daqui a séculos, para poder lê-lo no original, as pessoas vão aprender português do século XX como nós hoje aprendemos grego clássico para ler Sófocles. (Essa edição está a metade do preço, só hoje.)
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Com exceção do 4, adição mais recente à essa lista, já falei de todos esses livros nos meus cursos. Espero que tenham gostado dessa rápida viagem pela literatura. Por favor, sintam-se à vontade para compartilhar esse texto e, por favor, me contem nos comentários quais são os seus dez livros preferidos.
Olá. Parabéns pelos teus artigos, são excelentes.
O Martin Fierro tem uma boa tradução de Colmar Duarte, pela editora Movimento.
A edição com a tradução a de Nico Fagundes é muito boa. A edição, com textos sobre a obra de L.A.Fischer. a tradução em si, não posso avaliar. Mas a edição é ótima
Oi, querido! Não sei se é pra todo mundo, mas os links não estão funcionando aqui :(