2022 foi um bom ano pra mim.
Sobrevivi. (Esse é sempre o critério primordial.) Não peguei Covid. Fiz três anos de casamento cada vez mais apaixonado. Me mudei de volta para o meu canto preferido do mundo. Montei um escritório/biblioteca sem internet pra escrever com mais concentração fora de casa. Ensinei três cursos. (Consegui ganhar a vida dando esses três cursos!) Criei um espaço de mecenato bem sucedido no Apoia-se. Passei no mestrado. Bolsonaro perdeu a eleição.
Mas nem tudo foi perfeito.
Por atrasos da editora em relação aos outros brindes do kit, o meu livro Mentiras reunidas imperdoavelmente ainda não foi entregue. (Todas as compradoras podem ficar tranquilas: o livro existe e está aqui em casa, ninguém vai ficar sem. Tem vídeo!) Fui a zero financeiramente pela primeira vez em dez anos. (Mas criei um Apoia-se.) Sofri do estômago o ano inteiro. (Logo eu, aventureiro destemido que comeu croquete de rodoviária da Patagônia à Indonésia, virei uma daquelas pessoas que não pode comer nada que passa mal.) E, infelizmente, escrevi pouco, quase nada. Mas vai mudar. :)
Meu 2023 será o ano do curso e do livro das Prisões.
A questão é se você vai vir comigo. ;)
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Um novo escritório
Então, a única coisa que tenho na vida é um quitinete em Copacabana tão, mas tão pequeno ao ponto de ser isento de IPTU. Antigamente, eu morava lá. Depois, aluguei pra turistas no Airbnb. Agora, converti em escritório, biblioteca e, por que não?, garçoniere. Estão lá todos os meus livros, minha mesa e minha cadeira de trabalho, uma rede, uma chaleira elétrica, um futon e mais nada. Sem internet: celulares não entram. É uma cela de monge: um espaço de concentração, escrita, leitura, trabalho. (Sim, hoje em dia, a simples possibilidade de desconectar-se cada vez mais é um privilégio de classe e nunca esqueço disso.)
Esposa e eu passamos a pandemia morando em Botafogo, numa casa com quintal enorme para o cachorrão dela. Infelizmente, ele morreu e, agora, alugamos um quarto e sala aqui nesse bairro indistinto entre Copacabana e Ipanema, perto de duas praias, com muito comércio de rua, onde dá pra fazer tudo a pé e pegar transporte barato para qualquer canto da cidade. Confesso que meu ideal de vida é nunca mais sair daqui: no máximo, trocar de apartamento, mas ficar nessa mesma área, perto do meu escritório, nesse meu canto favorito do mundo.
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Um novo mestrado
Depois de muito namorar cursos e hesitar bastante, me candidatei a um mestrado e passei. Em 2023, serei mestrando do PPGLEN (Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da UFRJ) com um projeto sobre escravidão na literatura cubana do XIX.
Sim, já tenho mestrado. Estudei no Departamento de Espanhol e Português de Tulane University, em Nova Orleans, por seis anos, consegui o mestrado, qualifiquei com honra para o doutorado, cursei todas as disciplinas, vim para o Brasil escrever a tese em 2011… e desisti, a vida me soprou em outras direções.
Não me arrependo. Nesse onze anos, publiquei oito livros (um deles no exterior), encenei uma peça, emplaquei obra no PNLD (90 mil cópias vendidas), fui convidado internacional de feiras literárias no exterior, gravei um audiolivro, fiz eventos em todas as regiões do Brasil, ensinei cursos online, publiquei resenhas no maior jornal do país, me ordenei no zen budismo.
Então, o que faltava? Por que fazer mestrado de novo?
Acho que uma pessoa professora fica muito complacente quando só convive com suas próprias alunas. Acabamos nos acostumando a essa fala de cima pra baixo, a ocupar esse lugar de “pessoa-que-sabe”. Estava na hora de voltar a me cercar de professoras e de colegas, e de ser aluno ao invés de ter alunos.
Além disso, já tomei quatro doses e estou invicto do Covid, mas ainda não recuperei o hábito de sair de casa. (Confesso que a pandemia me foi muito confortável: tudo o que eu queria na vida era uma desculpa para nunca sair de casa. Aproveitei ao máximo.) Então, o mestrado também vai servir pra eu voltar a ter compromissos intelectualmente estimulantes na rua.
Por fim, a dissertação será sobre um tema que já estudei, pesquisei, escrevi muito no mestrado anterior, que preenche uma lacuna real nos estudos literários, e que já despertou o interesse de alguns editores cubanos quando estive lá publicando o Manzano.
Então, a ideia é terminar essa pesquisa, escrever esse texto, publicá-lo. (Daqui a alguns anos vocês me cobram.) Enquanto isso, as curiosas podem ler esse memorial acadêmico que escrevi para o processo seletivo do mestrado, que é basicamente uma autobiografia intelectual. Só para mecenas do meu Apoia-se.
Falando nisso…
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Um novo tipo de mecenato
2022 também foi o ano em que fui a zero financeiramente pela primeira vez em uma década e tive que inventar uma nova maneira de sobreviver. Então, inventei um Apoia-se. :)
A ideia foi criar uma comunidade mais próxima, onde eu pudesse publicar textos mais pessoais, como o memorial acadêmico, por exemplo, e testar primeiras versões de contos e romances, além de promover bate-papos mais livres no Whatsapp e no Zoom, e também compartilhar minhas leituras nas formas de aulas avulsas mensais, ou seja, sem estarem inseridas na narrativa de nenhum curso. Mais importante, permitir que as pessoas pudessem comprar de uma só vez todos os meus cursos, passados, presentes, futuros.
(Na quarta agora, 28 de dezembro, às 19h, teremos a nossa aula de dezembro: "Houellebecq, íntimo e cósmico" sobre a obra do autor, em especial a última "Aniquilar.)
O plano de mecenato mais importante é o Mecenas Cursos, que eu apelidei de Alexflix, justamente porque dá direito a tudo o que eu faço, todas as aulas, todos os cursos, todos os textos, tudo tudo tudo.
Enfim, deem uma passeada lá e me contem.
Graças ao novo Apoia-se, também mudei o meu formato de vender os cursos. Ao invés de vender os cursos completos à vista no pix (como fazia), agora estou essencialmente vendendo “licenças”: as pessoas fazem um plano de mecenato mensal e podem acessar todos os cursos enquanto durar o seu apoio.
Aliás, o primeiro curso vendido assim será o Curso das Prisões….
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Um novo curso: o Curso das Prisões
Meu 2023 será dedicado ao mestrado e às Prisões.
Estou há 20 anos escrevendo sobre as Prisões. Já vendi o Livro das Prisões para a editora Rocco em 2017. Só que ainda não consegui escrever. Porque os textos são bons, mas estão velhos, precisam ser reescritos, retrabalhados. O novo curso é para que vocês sejam minhas interlocutoras nesse processo. (Não sei escrever sozinho: sou dialógico!)
Cada mês será dedicado a uma Prisão. (Não sabe o que é uma Prisão? Confere aqui.) No 1º domingo, às 19h, damos início às discussões com uma conversa livre no Zoom. Não é uma aula expositiva, mas uma sessão de troca e de escutatória. Sem a interlocução de vocês, sem ouvir como essa prisão afetou as suas vidas, eu não teria nem como começar a pensar a aula. Aqui, tudo é prático, nada é teórico. O que está em jogo são nossas vidas.
Ao longo do mês, continuamos conversando sobre essa Prisão em nosso grupo do Whatsapp, trocando histórias e experiências. Na última quarta-feira, às 19h, fechamos as discussões com uma aula, também pelo Zoom. Essa aula será expositiva, mas teremos bastante espaço para debates e conversas. Também enviarei às alunas a redação final ao texto daquela Prisão. No fim do curso, se tudo der certo, o Livro das Prisões estará pronto.
Quinta agora, 29 de dezembro, teremos um evento de abertura do Curso das Prisões. Não é uma aula. É só um quebra gelo mesmo. Pra eu apresentar o curso, pra todo mundo se ver, pra gente se desejar feliz 2023. Será aberto para todas as pessoas que já fizeram qualquer curso meu. O convite será compartilhado nos meus grupos de Facebook e Whatsapp.
O Curso das Prisões será exclusivo para mecenas do plano Cursos, que dá acesso a todos os meus cursos e a tudo que eu fizer, como encontros, botecos, bate-papos e aulas avulsas.
Ou seja, o ano vai ser cheio…..
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Um novo calendário de aulas & encontros
Como são muitas atividades, preciso ter tudo organizadinho com bastante antecedência, para sempre saber o que devo estar lendo, o que devo estar preparando.
Aqui está o calendário completo de aulas e encontros para 2023.
Reparem:
As minhas mecenas ganham muitos benefícios!
Todas as atividades são online, algumas com opção presencial;
A aula avulsa mensal está sempre em diálogo com o tema daquele mês do Curso das Prisões;
Das obras estudadas, todas obras-primas, cinco foram escritas por mulheres.
Dezembro 2022
Quarta, 28, 19h: aula, "Houellebecq, íntimo e cósmico"
Quinta, 29, 19h: encontro de abertura, Curso das Prisões
Janeiro 2023
Domingo, 8, 17h: Conversa de boteco das mecenas
Quarta, 11, 19h: Mística, Grande Conversa Espanhola, aula 8
Domingo, 22, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 25, 19h: aula, "Marília de Dirceu, de Gonzaga: o começo da literatura brasileira"
Domingo, 29, 17h: Conversa livre, Prisão Verdade
Fevereiro 2023
Quarta, 1º, 19h: Esculacho, Grande Conversa Espanhola, aula 9
Quarta, 8, 19h: aula, "O estrangeiro, de Camus: onde está a verdade?"
Domingo, 12, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 15, 19h: aula Prisão Verdade
Domingo, 19, 17h: Piquenique não-monogamia
Março 2023
Quarta, 1º, 19h: Barroco, Grande Conversa Espanhola, aula 10
Domingo, 5, 17h: Conversa livre, Prisão Religião
Quarta, 8, 19h: aula, "Memórias de um caçador, de Turgeniev: a ideologia do patrão"
Domingo, 12, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Domingo, 19, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 29, 19h: aula Prisão Religião
Abril 2023
Domingo, 2, 17h: Conversa livre, Prisão Classe
Quarta, 5, 19h: Capa-e-espada, Grande Conversa Espanhola, aula 11
Domingo, 9, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 12, 19h: aula, "A porta, de Szabó: trabalho doméstico e feminilidade"
Domingo, 16, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 26, 19h: aula Prisão Classe
Maio 2023
Quarta, 3, 19h: Teatro, Grande Conversa Espanhola, aula 12
Domingo, 7, 17h: Conversa livre, Prisão Patriotismo
Quarta, 10, 19h: aula, "Romanceiro da Inconfidência, de Meirelles: a criação de um mito nacional"
Domingo, 14, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 17, 19h: Púchkin, Grande Conversa Fundadora, aula 7
Domingo, 21, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 31, 19h: aula, Prisão Patriotismo
Junho 2023
Domingo, 4, 17h: Conversa livre, Prisão Respeito
Quarta, 7, 19h: Romance, Grande Conversa Espanhola, aula 13
Domingo, 11, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 14, 19h: aula, "Bartlebly: Literatura e obediência"
Domingo, 18, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 28, 19h: aula Prisão Respeito
Julho 2023
Domingo, 2, 17h: Conversa livre, Prisão Trabalho
Quarta, 5, 19h: Meta-romance, Grande Conversa Espanhola, aula 14
Domingo, 9, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 12, 19h: aula, "Querida Konbini, de Murata: o trabalho e a vida"
Domingo, 16, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 26, 19h: aula Prisão Trabalho
Agosto 2023
Domingo, 6, 17h: Conversa livre, Prisão Autossuficiência
Quarta, 9, 19h: aula, "A lição do mestre, de James: arte e autossuficiência"
Domingo, 13, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Domingo, 20, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 30, 19h: aula, Prisão Autossuficiência
Setembro 2023
Domingo, 3, 17h: Conversa livre, Prisão Monogamia
Domingo, 10, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 13, 19h: aula, "O despertar, de Chopin: literatura e feminismo"
Domingo, 17, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 27, 19h: aula, Prisão Monogamia
Outubro 2023
Domingo, 1º, 17h: conversa livre, Prisão Liberdade
Domingo, 8, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 11, 19h: aula, "On the road, de Kerouac: a liberdade do não"
Domingo, 15, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 25, 19h: aula, Prisão Liberdade
Novembro 2023
Domingo, 5, 17h: conversa livre, Prisão Felicidade
Quarta, 8, 19h: aula, "A princesa de Cleves, de Lafayette: outras felicidades"
Domingo, 12, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Domingo, 19, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 29, 19h: aula Prisão Felicidade
Dezembro 2023
Domingo, 3, 17h: conversa livre, Prisão Empatia
Domingo, 10, 17h: Conversa de Boteco das mecenas
Quarta, 13, 19h: aula, "A fera na selva, de James: literatura e imobilidade"
Domingo, 17, 17h: Piquenique não-monogamia
Quarta, 27, 19h: aula, Prisão Empatia
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Espero que vocês gostem e que seja um ano muito rico para todas nós. :)
Um grande beijo e feliz 2023!
Alex Castro