Está em andamento o curso História do Mundo Enquanto Fofoca. (Ainda dá tempo de participar, clique aqui.)
Em nossa segunda aula, Mediterrâneo, que acontece na terça, 25 de janeiro, falaremos sobre gregos e romanos, da Ilíada até os Evangelhos. Abaixo, um rapidíssimo resumo sobre os gregos, a ser desenvolvido em aula.
* * *
Os gregos
Um livro recente especula que, por volta do ano 1177 aEC, uma série de catástrofes em série teria derrubado as maiores civilizações da Idade de Bronze mesopotâmica e mediterrânea, como egípcios, hititas, cananeus, cipriotas, assírios, babilônios, cretenses, micênicos.
Com a queda de Cnossos e de Micenas, civilizações sofisticadas com uma escrita que só há pouco foi decifrada, a Grécia entra em uma pequena Era das Trevas, que se convencionou chamar de Período Arcaico. Não havia escrita e várias tecnologias se perderam.
Enquanto a Grécia vivia sua Era das Trevas, reinaram em Israel Saul e Davi e começaram a ser compostas as narrativas do Gênese.
Por volta do século VIII aEC, os habitantes da área que hoje conhecemos como Grécia começam a se reorganizar: com caracteres emprestados dos fenícios, colocam por escrito a língua que falavam. Por volta da mesma época, estima-se que a Ilíada e a Odisséia começavam a circular como poemas orais. Dois séculos depois, na Atenas do tirano Pisístrato, estima-se que tenham sido colocados por escrito pela primeira vez. Tudo conjeturado, claro.
Enquanto as polis se desenvolviam em toda a Grécia, outros impérios iam surgindo e crescendo. Os babilônicos, por exemplo, conquistam a Palestina (Jeremias profetizava em Jerusalém) e exilam os israelitas na Babilonia: é o Exílio Babilônico, onde estima-se que tenham recebido a redação final os livros do Gênese e de Samuel.
Em 490, a Pérsia, maior potência militar da época, invade a Grécia. Heródoto, considerado o pai da História, narra essa guerra. Deveria ter sido fácil: a região era composta por cidades-estado independentes sempre em guerra entre si. Na verdade, historiadores militares especulam que foi justamente a freqüência e ferocidade das guerras entre os gregos, que lhes possibilitou desenvolver as técnicas militares que lhes permitiram resistir.
Em 480, os gregos derrotam decisivamente os persas: começa o Período Clássico. Ésquilo lutou na batalha decisiva e foi só isso que escolheu colocar em seu túmulo. Os próximos 50 anos serão uma pequena Era de Ouro em Atenas: estão em atividade quase todos aqueles gregos que mais associamos com a Grécia Antiga: Heródoto, Tucídides, Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Aristófanes, Péricles, Sócrates, Platão.
A proeminência de Atenas (e a agressividade de seu imperialismo) acaba gerando conflitos com outras polis, em especial, Esparta, e começa a Guerra do Peloponeso, que dura quase trinta anos e deixa a região exausta e exaurida. Essa é a guerra narrada em Tucídides, a primeira História jamais escrita a não depender de deuses ou deusas, 100% humana. Finalmente, Esparta conquista Atenas, acabando com a democracia ateniense. Mas os espartanos também não tinham força para dominar a Grécia, somente para quebrar o poder de Atenas.
Pouco depois, em 338, Felipe da Macedônia conquista e incorpora a Grécia ao seu império, dando começo ao período chamado de Helênico. Fascinado pela cultura grega, Felipe coloca Aristóteles como tutor de seu filho Alexandre. Quando o filho se torna maior que o pai, um dos maiores conquistadores de todos os tempos, ele espalha a cultura e a influência gregas por uma área muito maior do que as polis independentes jamais poderiam ter feito. Alexandre nunca conquista a Itália, mas conquista a Palestina. Obras bíblicas como o Eclesiastes teriam sido compostas nesse período Helênico.
Enquanto Alexandre conquista o leste do Mediterrâneo, Roma está crescendo, conquistando sua península e, depois, se jogando ao mar. Seu primeiro grande inimigo é Cartago, um império naval e comercial de origem fenícia. Quando os romanos finalmente destroem Cartago, depois de três guerras que envolvem toda a bacia mediterrânea, eles já são o maior poder regional. Pouco a pouco, os romanos vão conquistando todos os reinos helênicos originários das conquistas de Alexandre. Quando Jesus nasce, a Palestina, a Grécia, grande parte das margens do Mediterrâneo é romana.
Assim como os macedônios, os romanos respeitavam a cultura grega acima de tudo, e tomam para si seus deuses e sua literatura. O maior épico romano, a Eneida, é uma sequencia ou spinoff da Ilíada, onde Enéias, guerreiro troiano, abandona Tróia com os ídolos da cidade (que simbolizavam sua essência) e, depois de muitas aventuras, funda um povoado que será a precursora de Roma. A Eneida, portanto, sacramenta e confirma o mito maior dos romanos: ser parte integrante da cultura grega. Ao fazer isso, estão também construindo a Ilíada como o texto fundacional da sua nacionalidade.
* * *
Todos os meus textos sobre:
* * *
História do Mundo Enquanto Fofoca
Um panorama da história mundial, com foco no Ocidente, desde a pré-história até a Queda do Muro de Berlim. 12 aulas semanais, terças das 19h às 21h, entre 18 de janeiro e 12 de abril de 2022. Sem leituras obrigatórias.