O amor é político
Falar de política sem falar de amor é inócuo, vazio, inconsequente. Falar de amor sem falar de política é reacionário, conservador, conformista.
Depois de muitas andanças, escolhi transitar entre pessoas, inteligentes e politizadas, para quem o amor é uma prioridade política, um gesto transformador, uma atitude revolucionária.
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Durante uma década, enquanto cursava mestrado e doutorado em literatura, todas as pessoas a minha volta eram muito inteligentes e politizadas, liam Foucault e Derrida, organizavam protestos e ansiavam por mudança.
Esse era o meu mundo.
Mais tarde, abandonei o doutorado, voltei ao Brasil, comecei a praticar Zen.
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A palavra religião vem do latim religare: pouco a pouco, a rotina do templo foi me reconectando à vida religiosa, a um linguajar religioso, a um modo religioso de pensar a vida, a sociedade, a política.
Em 2017, meu ano de mergulho mais profundo no zen, 60% das minhas leituras foram religiosas: o livro do ano foi a Noite escura, de João da Cruz, sobre as dificuldades espirituais no caminho cristão mas também, com pequenas mudanças, sobre o meu próprio caminho religioso.
Recuperei assim um contato antes perdido com o catolicismo, desde jesuítas e agostinianos até os grandes místicos cristãos, como os padres do deserto e Bernardo de Claraval, todas pessoas que também articulam o amor enquanto ação política.
Atualmente, as pessoas autoras que moldam meu pensamento são mais religiosas do que laicas, como Simone Weil e Agostinho de Hipona, Abraham Heschel e Franz Hinkelammert, David R. Loy e James R. Martin, Inácio de Loiola e Shantideva.
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Para as pessoas de meu velho mundo acadêmico, o amor não era um tema válido, uma preocupação séria, uma prioridade política: pelo contrário, falar de amor era uma besteira, um capricho, uma bobagem. O amor, quando mencionado, era sempre amor romântico, amor alienado, amor cooptado:
“Crianças, crianças! Aqui, estamos falando de coisa séria, de mais-valia e de semiótica, de rizoma e de apropriação. Vão falar de amor lá fora, vão.”
Hoje, por outro lado, pratico e trabalho em um templo zen de Copacabana chamado Templo do Cuidado Amoroso Eterno, afiliado à Ordem dos Pacificadores Zen, ambas instituições atuantes no movimento do Budismo Engajado.
No templo ou na ordem, entre monges e ordenados, quando sentamos para resolver problemas e decidir questões, nossa preocupação é cuidar amorosamente umas das outras e de nossa comunidade.
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Quanto mais leio e quanto mais reflito, quanto mais luto e quanto mais envelheço, mais percebo que falar de luta política e de mudança social sem falar de amor e de cuidado é inócuo, é vazio, é inconsequente.
Da mesma maneira, falar de amor e de cuidado sem falar de luta política e de mudança social é pior que inócuo: é reacionário, é conservador, é conformista.
Por isso, depois de muito pensar, apesar de toda minha simpatia pelo partido, não me filiei ao PSOL e sim me ordenei Irmão em uma ordem zen.
Depois de muitas andanças, escolhi transitar entre pessoas, inteligentes e politizadas, para quem o amor é uma prioridade política, um gesto transformador, uma atitude revolucionária.
Esse hoje é o meu mundo.
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Todos os dias, ao meio-dia, faço os seguintes votos:
Os três votos da Ordem dos Pacificadores Zen
1. Praticar o não-saber, abrindo mão de certezas prévias.
2. Testemunhar a alegria e o sofrimento, não virando o rosto à dor alheia.
3. Agir amorosamente, de acordo com essas duas posturas.
Os quatro votos do Bodisatva
1. As criações são inumeráveis, faço o voto de libertá-las.
2. As ilusões são inexauríveis, faço o voto de transformá-las.
3. A realidade é ilimitada, faço o voto de percebê-la.
4. O caminho do despertar é insuperável, faço o voto de corporificá-lo.
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O texto acima poderia estar na introdução do meu livro Atenção., se não tivesse sido escrito um pouco depois do lançamento.
O livro está disponível em versão impressa, ebook e audiolivro (narrado por mim) ou você pode comprar da minha mão, pagando um pouquinho mais caro (R$92 no pix eu@alexcastro.com.br ou R$102 no PagSeguro) e me ajudando diretamente.
De qualquer modo, muito, muito obrigado a todas as pessoas que lerem.
Mais detalhes: Atenção.
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Meus cursos para 2022
Acabam hoje as aulas ao vivo do curso História do Mundo Enquanto Fofoca. O curso, de 12 aulas, sobre História do Mundo, da pré-história ao Muro de Berlim, vai continuar à venda, por R$198. Para saber mais e comprar, clique aqui.
Enquanto isso, meus dois próximos cursos para 2022 começam no mês que vem, estão à venda e nossas conversas já estão pegando fogo nos grupos do zap.
A Grande Conversa Fundadora: as obras que inventaram as línguas literárias modernas é uma história da literatura ocidental, da Idade Média ao romantismo, através dos grandes clássicos fundadores das línguas modernas: Dante, Rabelais, Camões, Shakespeare, Cervantes, Goethe, Púchkin. São 7 aulas mensais, toda 3ª quarta-feira do mês, 19h, de maio a dezembro de 2022. O curso está saindo por R$499. (Aqui tem um vídeo onde apresento o curso.)
Grande Conversa Espanhola: do El Cid ao Dom Quixote, a invenção da literatura moderna é um curso de literatura espanhola, com foco nas rupturas e continuidades com a literatura ocidental contemporânea. São 14 aulas mensais, 1ª quarta-feira do mês, 19h, de maio de 2022 a julho de 2023. O curso está saindo por R$195.
Para quem precisava de um empurrãozinho, tem duas promoções rolando:
Só até 30abr, Grande Conversa Fundadora + Grande Conversa Espanhola: R$599 no pix eu@alexcastro.com.br ou R$699 no PagSeguro.
Ou todos os cursos (Introdução à Grande Conversa; Grande Conversa Brasileira; Grande Conversa Espanhola; Grande Conversa Fundadora; História do Mundo Enquanto Fofoca): R$999 no pix eu@alexcastro.com.br ou R$1099 no PagSeguro.
Enfim, é isso. Meu instagram está cheio de videozinhos com palhinhas dos cursos, espero que gostem. :)
Um beijo do Alex